Sofre sofre, Porto sofre.
Quando uma equipa como o União da Madeira vem ao Dragão e obriga o maior do mundo a acabar o jogo com o "credo na boca" e a mandar chuto para a frente, percebemos rapidamente como que tem sido a época do Porto este ano. Foi a 6ª visita da equipa da Madeira à Invicta e mesmo perdendo todos os jogos, desta vez conseguiram-no fazer de forma muito mais equilibrada, marcando 2 golos, o dobro do que tinham feito nas anteriores 5 partidas.
Entre castigos e lesões, o Porto partiu para esta jornada sem André, Danilo, Indi, Marcano e Evandro. 5 jogadores habitualmente convocáveis, 4 deles habituais titulares, 2 médios e 2 defesas centrais. Isto explica muita coisa mas não explica tudo. Com o Arouca os centrais foram Maicon e Indi e jogaram Danilo e André e sofremos 2 golos, com o Moreirense jogaram Marcano e Chidozie e novamente Danilo e André e sofremos 2 golos, com o Braga jogaram Indi e Marcano e Danilo e André e sofremos mais 3 golos. Poderemos concluir que mesmo com a dita equipa titular, o Porto sofre muitos golos, quase na sua maioria pelo meio e violando aquele quadrado formado por 4 jogadores (2 médios centro e 2 defesas centrais) à frente da baliza. Ontem sofremos 2 golos no jogo mais propicio para isso porque faltava o quadrado titular à frente de Casillas. As rotinas são importantes mas a competência é mais.
O Porto entrou muito bem no jogo, solto, com boas combinações e não dando qualquer tipo de abébia ao União. Embora pareça um contra-senso, o Porto rematou bastante embora ficasse a ideia em muitas ocasiões, que deveria rematar mais porque alternavam o remate fácil com muitas tentativas de entrar com a bola pela baliza dentro. O golo acabou por acontecer cedo no jogo e de forma natural, numa jogada que a boa visão do Sérgio e a raça de Maxi, permitiram a Aboubakar fazer um golo fácil. O União pouco fez para não ir a perder para o balneário, salvando-se um bom remate de fora da área que Casillas sacode para canto e um livre indirecto que passa perto do poste. A 2ª parte não foi bem jogada mas foi emocionante, o que vai contra tudo o que um portista quer nesta altura, porque nós não queremos emoções fortes, queremos vitórias categóricas. O Porto sofre 2 golos onde fica clara a inaptidão que esta equipa tem para defender, o primeiro dos quais depois de uma perda de bola do Sérgio que tenta fazer um passe de peito quando o poderia fazer de forma mais segura, e o segundo numa jogada tremendamente simples e eficaz com o União a aproveitar a "falta de jeito" da defesa portista. Quando o empate parecia tão natural quanto óbvio, Corona passa a bola para Suk que se limita a amortecer para o mexicano fuzilar a baliza insular, numa jogada tão simples que até parecia mentira. O Porto acaba o jogo em casa com o União a mandar pontapés para a frente e a fazer substituições nos descontos para queimar tempo, factos que são sintomáticos do actual momento azul e branco.
Na próxima jornada viajamos até Setúbal para defrontar o Vitória, uma equipa que vem a descer em queda livre na tabela classificativa. 3 derrotas nas primeiras 13 jornadas contrastam com as 7 derrotas nas últimas 13, números que deixam os Sadinos perto da linha de descida, meses depois de terem andado nos lugares europeus. O Porto dá-se muito bem em Setúbal, na época passada ganhamos por 0-2, com golos de Brahimi e Jackson e já não perdemos com desde 1983.
Herrera - O MVP da partida. De longe o melhor portista em campo, numa exibição sustentada também nos números, 90% de eficácia nos passes, 4 passes para ocasião de golo, 1 golo de muita classe, um quase golo de antologia e muitos quilómetros percorridos. Fez o seu 7º golo no campeonato.
Maxi - Novamente um jogo muito bem conseguido. Maxi foi dos que mais empurrou a equipa para a frente e fez mais uma assistência na raça para Aboubakar. Não sendo um Layún a assistir, já leva 7 passes para golo. Não estando directamente ligado aos 2 golos sofridos, ficou a ideia que podia e deveria ter feito mais no 2º golo do Danilo.
Corona - O melhor jogo do extremo na era Peseiro. Mais solto, muito mais confiante, está directamente ligado a 2 golos da equipa, passou em esforço para Herrera marcar e marcou o 3º e decisivo golo numa jogada muito bem delineada.
Quando os números não traduzem o que se passou em campo - O Porto teve 74-26% na posse de bola, 28-5 em remates (11-3 enquadrados
na baliza), 10-3 em cantos, números que deveriam ser mais do que
suficientes para terminar um jogo de forma folgada e descansada. Peseiro
diz que "qualquer erro que cometemos, dá golo na nossa baliza", não
deixa de ser verdade mas o nosso mister também tem de perceber que isso
não é obra do acaso, nem se pode justificar unicamente com as constantes
mexidas na equipa.
Golos sofridos - Há factos evidentes no futebol que o Porto apresenta sob o comando do
Peseiro, um deles é a quantidade pornográfica de golos sofridos. Com
Lopetegui e no que diz respeito apenas a esta época e só para a Liga
Portuguesa, o Porto sofreu 10 golos em 16 jogos, o que comparando com os
12 golos em 8 jogos no legado de Peseiro, facilmente nos faz concluir
que a equipa sofre muitos mais golos, demasiados. Haveria uma atenuante
caso o Porto de Peseiro marcasse muito mas nem isso acontece porque
nesse aspecto as estatísticas são semelhantes, 31 golos marcados em 16
jogos com Lopetegui e 16 golos marcados em 8 jogos com Peseiro, sobrando
para Rui Barros a melhor média, com 5 golos marcados e 1 sofrido em 2
jogos, apesar desse mesmo golo ter significado a derrota em Guimarães.
Peseiro sofreu golos em 7 dos 8 jogos, escapando a sua estreia com o
Marítimo no Dragão, que poderá ser explicado com o pouco tempo que o
treinador teve para não mexer no que estava anteriormente a ser bem
feito por Lopetegui. O Porto sofria golos a conta gotas, agora sofre golos com a torneira toda aberta.
Outro facto, com Lopetegui perdemos 1 jogo em 16, sem o basco, 3 jogos
em 10. O que lá vai, lá vai, o que passou, passou, mas é importante
dizer que o Porto não melhorou em nada com a mudança de treinador,
conseguindo piorar em alguns aspectos.
Sem comentários:
Enviar um comentário