O carrasco Herrera finalizou o que o Nuno iniciou.
Jorge Costa na sua habitual crónica escrita no Jornal OJOGO, dizia hoje que em dias de clássico tudo era diferente, desde a forma como encaravam o estágio, à forma como os empregados do hotel onde a equipa estava reagiam á presença dos jogadores. O antigo capitão classifica como o jogo dos jogos, o maior clássico do futebol português, o jogo entre as duas maiores equipas do país.
Eu partilho da mesma opinião, acrescentando ainda que é daqueles jogos que nunca se pode perder, sendo o empate um resultado positivo unicamente em ocasiões muito especiais. As visitas do nosso rival à Invicta, devem começar a ser jogadas logo após o autocarro vermelho passar a fronteira de Coimbra, devendo continuar com a pressão no hotel, culminado com a batalha das 4 linhas. Não sei se ainda o fazem, mas era habitual a equipa vermelha pernoitar num hotel em Gaia relativamente perto do local onde vivo e lembro-me perfeitamente de um ano em que colocaram uma tarja em frente ao hotel que dizia "Ides Sofrer Como Cães", essa época foi a última em que fomos campeões, e o jogo foi ganho à pàla do Kelvin. Coincidências.
Esta semana muito se falou e escreveu sobre a célebre frase de Pedroto que dizia que "Enquanto fomos bons rapazes, fomos sempre comidos". Eu, mais uma vez partilho da opinião de grande parte da nação portista, que chegou a altura de dizer BASTA, chegou a altura de fazermos jus à fama que temos de "Feios, Porcos e Maus".
Sobre o jogo de hoje, há um facto inquestionável, a equipa terá feito um dos melhores jogos da temporada, embora o resultado nem pouco, mais, ou menos, tenho sido positivo e o que todos os portistas desejariam. Faz-me lembrar a velha máxima sportinguista, "Jogaram como nunca, perderam como sempre". Provamos um pouco do sabor amargo de sofrer um golo nos descontos, embora as comparações com o golo aos 92' do Kelvin não façam qualquer sentido, dado o que um e outro jogo significaram.
O Porto entrou muito forte no jogo, pressionou alto, recuperava rapidamente a bola, criava perigo, não deixava o Benfica rematar à baliza de Casillas e o empate ao intervalo não traduzia o que se tinha passado em campo durante os primeiros 45 minutos. Esmiuçando os números da 1º parte, facilmente se percebe que só uma equipa poderia estar em vantagem, o Porto goleava na posse de bola (61-39%), nos remates (9-5) e principalmente nos remates enquadrados à baliza (5-0). O Porto estava a perder uma excelente oportunidade de estar a ganhar com alguma facilidade ao rival. A 2ª parte começa praticamente da mesma forma, com a diferença do golo do Benfiquista Jota, que finalmente dava alguma justiça ao marcador e quando se pensava que a equipa partiria em definitivo para uma vitória categórica, Nuno primeiro com as substituições de marcha atrás e Herrera depois com uma intervenção no jogo suicida, provocaram um empate muito difícil de digerir.
O Porto perdeu uma excelente oportunidade de encostar no primeiro classificado, já o tinha feito com o empate em Setúbal e manteve a mesma fórmula com o empate de hoje. A juventude explica alguma coisa, a ineficácia explica alguma coisa, a aselhice explica alguma coisa e Nuno pode explicar o resto e o resto para mim é porque é que estando em vantagem, nos custa tanto matar os jogos. A mentalidade de equipa pequena que se agarra ao 1-0 parece não abandonar a equipa e Nuno tem culpa directa nisso.
Nota de destaque: Esta crónica é feita algo a quente, por isso é normal que me esqueça de alguma coisa, ou que não veja e entenda o jogo como realmente aconteceu.
Felipe - O MVP da partida. Acho que já restam poucas dúvidas, estamos perante um centralão. O brasileiro fez mais um grande jogo, limpou tudo pelo ar e pela terra. Continua a ter alguma dificuldade em sair a jogar, mas isso resolve-se facilmente, basta passar a bola ao Danilo. Já o disse e repito, não me admirava nada se daqui a relativamente pouco tempo, a braçadeira estiver no braço deste menino. No lance do golo estava a cobrir a zona como é habitual e não tem culpas directas no lance.
Marcano - Mais uma grande exibição. Ao ver esta dupla de centrais a jogar percebe-se facilmente o porquê de apenas termos sofridos 5 golos no campeonato. Não tão exuberante como o Felipe mas igualmente eficaz. No golo sofrido estava a marcar Mitroglou, por isso está também isento de culpas.
Danilo - Apesar do golo do empate ter acontecido na sua zona de acção, isso não apaga uma grande exibição. Comandou as tropas, foi o patrão do meio campo e ainda teve tempo recuperar 11 vezes a bola.
Alex Teles - Um dos melhores jogos do brasileiro. É um jogador que normalmente não deslumbra mas cumpre sempre, seja a defender ou a atacar. Depois da saída do outro Alex, o Sandro, parece que mais uma vez acertamos no lado esquerdo da defesa, ainda por cima porque só tem 23 anos.
Óliver - Que mimo que é ver este puto jogar, mesmo quando faz aquelas rotundazinhas, não deixando ninguém tirar-lhe a bola. É um dos indiscutíveis de Nuno, já o era com Lopetegui e os 20 milhões por um puto de 21 anos cheio de potencial, parecem-me um valor justo a pagar.
Nuno Espírito Santo (+/-) - Não costumo gostar de surpresas nos onzes iniciais, principalmente nestes jogos decisivos mas a verdade é que hoje o Mister me surpreendeu pela positiva, a titularidade mais que merecida de Corona em vez do desequilibrado Herrera pareceu-me uma decisão óbvia de alguém que tem os tomates no sitio. Nota 10 para Nuno. O pior veio depois do golo marcado, Nuno fez sempre substituições de marcha atrás, entregou o comando do jogo ao Benfica mas mesmo assim, nada fazia prever a paragem cerebral (mais uma) do Herrera. Nota 5 para Nuno. O treinador foi audacioso na hora de escolher o melhor onze para o jogo, mas foi temeroso depois de se ver em vantagem.
Casillas - Aposto que nem o espanhol contaria com uma noite tão tranquila mas a verdade é que Casillas teve seguramente um dos jogos mais fáceis da carreira. Fez pouco e o pouco que fez, fez bem. Uma grande defesa a remate de Samaris e um punhado de pequenas mas boas intervenções resumem o jogo do nosso redes esta noite.
Diogo Jota - Benfiquista ou não, pouco interessa nestas ocasiões, marcou o único golo da equipa, festejou como se fosse azul desde pequenino e foi sempre uma constante ameaça à baliza de Ederson. Ou é o André ou o Jota a resolver, por isso estamos muito bem servidos com esta canalha na frente.
Herrera - O mexicano não andava a fazer jogos muitos famosos e foi relegado para o banco com alguma naturalidade. Herrera é o patinho feio da equipa e já não é de agora, desconfio que sempre o foi desde que chegou ao Porto mas a verdade é Paulo Fonseca, Lopetegui, Peseiro e agora o Nuno, simpatizam com ele e vêm nele um jogador crucial na equipa, ao ponto de o elegerem capitão. Sou fã do Héctor desde a sua chegada mas entendo que depois do que se tem vindo a passar nas últimas semanas e principalmente depois da cagada de hoje, a vida do mexicano na Invicta não se preveja nada pacifica. Hoje esteve 7 minutos em campo e foi decisivo, provocou um canto que nem a diabo lembra e dá espaço e permite ao Horta fazer o cruzamento para o golo. Pior seria difícil. Por outro lado e pondo-me um pouco do lado do jogador, acredito que não vai ser uma noite nada fácil para o mexicano.
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