Pragmático QB

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terça-feira, 19 de maio de 2015

Belenenses 1 vs FC Porto 1 - 17.05.2015 - Liga Portuguesa












E quando o golo da tranquilidade não chega?

Rio Ave - Porto, 1-3, 3º golo do Porto chega aos 83 minutos por Hernâni, numa altura em que o Rio Ave tinha reduzido pouco tempo antes e procurava o empate; Setúbal - Porto, 0-2, 2º golo do Porto marcado por Jackson nos descontos; Porto - Gil Vicente, 2-0, 2º golo do Porto marcado por Jackson aos 86 minutos. Depois do jogo da Luz, esta é a história das 3 vitórias que antecedem o jogo de Belém, 3 jogos em que o golo da tranquilidade chega muito perto do final da partida. A série vitoriosa foi interrompida por um golo aos 85 minutos por um jogador, que segundo se consta e ironia do destino, é vermelho desde pequenino.

É certo que as possibilidades de conquista do campeonato eram reduzidissimas, mas num jogo em que era imperativo ganhar fosse de que maneira fosse, para pelo menos manter o suspense até à ultima jornada, sermos brindados com seguramente uma das piores exibições de que há memória, é de provocar sentimentos de revolta ao mais calmo dos Portistas. Pessoalmente e embora não o tivesse dito em voz alta, já tinha atirado a toalha ao chão mas nunca pensei que o knock out chegasse desta forma. Fomos uma equipa descrente, amorfa, adormecida, lenta, apagada, preguiçosa, pusilâmine, tímida, medrosa, insegura e todo outro qualquer sinónimo que reflicta a forma como encaramos este jogo. Tinha escrito horas antes do jogo - "A haver campeão hoje, que seja porque os nossos rivais ganharam o jogo deles e não porque não fomos capaz de ganhar o nosso" - foi um triste desabafo.

Benfas e Porto tem uma forma muito própria de jogar e de encarar cada jogo. O Benfas entra em campo em modo histérico e desenfreado, como se o mundo fosse acabar caso não marquem 3 golos na primeira meia hora, já o Porto entra no modo esplanada, pede um prato de tremoços e outro de amendoins e umas minis e de vez em quando e caso isso não cause muito incómodo e transtorno ao adversário, tenta chegar à baliza contrária para quem sabe, marcar um golito. Caso consiga marcar, pede mais um pratinho de moelas e um fino e quando acaba, tenta novamente marcar. Foi quase sempre assim ao longo da época e foi assim em Belém.

Os jogadores do Porto não sabiam que o campeonato nacional poderia ficar decidido naquela tarde de domingo, é uma das tristes conclusões a que chego, porque caso o soubessem não acredito que tivessem entrado em campo daquela forma. A equipa entrou no estilo férias, a correr pouquinho, a jogar pouquinho e com pouquinha vontade de ganhar. Muita posse de bola e pouca objectividade. O Belenenses não se importava em não ter bola mas sempre que a recuperavam, desatavam todos a correr em direcção à baliza portista. Um atraso suicida de Quaresma para Hélton e 3/4 contra-ataques perigosos e venenosos da equipa de Belém, puseram a equipa em sentido. Herrera primeiro, depois de uma grande jogada e passe de Óliver, e Jackson depois de um passe de Brahimi ameaçaram mas a grande oportunidade de golo surgiu por Sturgeon que remata ao lado já depois de ter passado o Hélton. O Porto acaba por marcar em cima do intervalo pelo inevitável Jackson depois de um grande cruzamento do Alex Sandro.

A segunda parte começa com uma grande jogada de Quaresma e Óliver, que quase dava em auto-golo de Gonçalo Brandão. Fiquei com a ideia que o Porto regressou com 9 jogadores porque Alex Sandro e Brahimi vieram do balneário completamente desconcentrados e desligados do jogo, falhando uma quantidade criminosa de passes. O jogo entrou numa fase surreal, o Belenenses não se preocupava muito em marcar e o Porto estava contente com a goleada de um golo. Não foi surpresa que o empate tivesse chegado aos 85 minutos, numa jogada em que a defesa portista ficou como eu, a ver jogar. O Jackson ainda teve oportunidade de bisar e adiar a festa vermelha mas estava escrito que o Porto mais uma vez não iria ser feliz a sul do Mondego. Título de campeão nacional entregue e embora não tivéssemos feito o embrulho, ficamos encarregues do laço.


Foi tudo demasiado mau, não consigo individualizar.


Foi tudo demasiado mau, não consigo individualizar.

No final do jogo, ainda a quente escrevi o seguinte:

"Hoje, no dia em que vejo o rival directo ser bicampeão 30 anos depois, sinto-me sentimentalmente baralhado. Feliz por num dia de grande azia, ter o discernimento e frieza de não vir para uma qualquer rede social disparar em tudo o que é azul e branco, insultando jogadores, treinador e dirigentes. Hoje não sou menos portista do que era ontem, mas sou certamente menos portista do que amanhã. Fui, sou e serei sempre portista nas vitórias, mas ainda mais nas derrotas. Lopetegui é o meu treinador, é um homem em quem eu confio para devolver a glória ao meu clube, é um portista que sente mais o clube que alguns adeptos que só se lembram de vestir o manto sagrado nos momentos felizes. Lopetegui hoje estava cansado, derrotado, agastado. Sentiu que perdeu a luta para o rival porque sente o clube. Mas não podemos negar que a equipa hoje não foi Porto e empatamos um jogo que merecíamos ter perdido.
Ao contrário do que faço sempre nas épocas em que o meu Porto não é campeão, não consigo dar os parabéns ao vencedor. O Porto falhou em momentos chaves, o nosso rival também o fez mas infelizmente teve aquele empurrão (‪#‎colinho) que lhes permitiu fazer a 2ª metade da época em cima de uma boa almofada pontual."

Hoje, 2 dias passaram e não mudo uma virgula.










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