Pragmático QB

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sábado, 23 de maio de 2015

FC Porto 2 vs Penafiel 0 - 22.05.2015 - Liga Portuguesa













A exibição mais silenciosa da época.

A partir do momento em que o jogo de Belém terminou, começou uma das mais animadas semanas dos últimos anos. Desde bloqueios da estrada a caminho do Centro de Treinos do Olival, passando por uma troca de galhardetes entre o Dragões Diários e Super Dragões, e o já habitual silêncio da direcção do Futebol Clube do Porto, houve um pouco de tudo. Habitualmente discordo de grande parte das atitudes das nossas claques, especialmente quando as mesmas em nada dignificam o nosso clube, mas desta vez penso que todos os Portistas sensatos estarão de acordo, não só com o simbólico interromper do treino, mas principalmente com o comunicado elaborado pela mais representativa claque do nosso amado clube.

Para o último jogo do Dragão, esperava-se o chamado "ambiente de cortar à faca". Faço por isso vénias, aos 16009 espectadores que se deslocaram ao Dragão para assistir a um jogo que se previa fraco, num cenário muito possivelmente desagradável, onde o chavão "jogo para cumprir calendário", poucas vezes terá feito tanto sentido como ontem. Os corajosos adeptos e claques que marcaram presença no jogo de ontem fizeram questão de mostrar o seu desagrado perante o que foi a época que agora termina, passando 85 minutos praticamente em silêncio, já que nos últimos momentos da partida se ouviu "o Porto é nosso e há-de ser!". Um protesto onde me revejo totalmente, sem violência e em silêncio - "para bom entendedor, meia palavra basta" - os habituais cânticos de apoio à equipa, foram substituídos por um quase religioso silêncio, acompanhado de meia dúzia de tarjas reveladoras do sentimento de quase toda a Nação Portista.

O jogo foi morno, é uma verdade irrefutável, mas o certo é que poderíamos ter chegado ao intervalo a ganhar facilmente por 3/4 golos. Danilo logo aos 2 minutos abriu as hostes com boa defesa de Coelho, seguindo-se Jackson com um cabeceamento ao lado da baliza penafidelense depois de cruzamento de Danilo e novamente o colombiano a cabecear por cima quando tinha tudo para inaugurar o marcador. A equipa e principalmente Quaresma e Quintero bem tentaram servir o melhor marcador do campeonato mas cedo se percebeu que não era a noite do ainda nosso Jackson. O Penafiel ia respondendo com alguns remates de fora da área, sem no entanto causar grande mossa no nosso relaxado Hélton. Brahimi foi o último a demonstrar o desacerto e desinspiração geral com uma perdida que devia dar prisão, depois de uma magistral jogada de Quintero. O intervalo chegou e o nulo marcador castigava, não tanto a atitude portista perante o jogo, mas principalmente a desconcentração no momento de pôr a redondinha na baliza.

A 2ª parte começa com mais um bom cruzamento de Danilo e nova perdida, desta vez de Quaresma. O jogo entrou numa fase onde ambas as duas equipas pouco fizeram para alterar o resultado, e foi preciso esperar pelo minuto 70 para assistir a algo que nos fizesse aumentar ligeiramente o ritmo cardíaco, com novamente Jackson a tentar marcar de bicicleta. O golo do Porto chega naquela fase do "ok, já estou a ver que vamos empatar isto", por Aboubakar depois de um belo passe do Evandro. Reyes em cima dos descontos ainda teve tempo para uma paragem cerebral e o golo da "tranquilidade" chega logo depois pelo Danilo, depois de um passe Jacksoniano de Aboubakar. Fim do jogo, fim da época, tempo para Jackson e principalmente Danilo se despedirem dos adeptos azuis e brancos.


Danilo - O melhor em campo. Já o seria nos 90 minutos, mas aquele golo e a forma aparentemente tranquila como o fez, foi a cereja em cima do bolo. Ninguém disse ao 2 portista que era um jogo para cumprir calendário, e sendo assim o brasileiro fez uma grande exibição. Foram mais de 10 quilómetros sempre em alta rotação, ora em trocas de bola com Quaresma, com cruzamentos perigosos ou remates à baliza. Marcou o seu 7º golo esta época, o 6º na Liga Portuguesa, o que para um defesa é um número bastante considerável. Quando se tem falado tanto em mística e raça, Danilo é um inequívoco exemplo de que mesmo nascendo a mais de 7.500 km da cidade invicta, podes sentir o clube por qualquer outro jogador que tenha feito todos os escalões da formação portista. A flash no final do jogo é sintomática da sua relação com o clube - "Custa-me muito, mas sei que vou ter um grande desafio pela frente. Amo o FC Porto, aprendi a gostar desta casa, que é minha. Nem tudo correu como queria mas sei que dei o máximo em todos os jogos que participei. Não é fácil deixar este lugar, mas desejo-lhes os maiores sucessos na próxima temporada."
Jackson - Não foi a noite de Jackson, mas era injusto colocá-lo na minha Zona Kralj, depois do que foi a grande época que o colombiano fez. Acaba o ano desportivo com 42 jogos e 32 golos, a sua melhor marca nos 3 anos que nos presenteou com a sua categoria. Ontem fez um mais um jogo à Jackson, batalhador, sempre a dar uma linha de passe para o meio campo portista, mas desta vez falhou num aspecto onde é fortíssimo, o golo.
Quaresma - O extremo acaba a época em excelente forma técnica e física. Ontem foi dos mais inconformados, sempre a tentar chegar a bola ao Jackson, ora em tabelas com Danilo, ora em cruzamentos. Lutou, correu, fez o que pode. A sua continuidade no Dragão divide mundos.
Casemiro - Só jogou meia parte mas fê-lo como se tratasse da final da Champions. O que eu sempre gostei no trinco durante esta época foi este mesmo comprometimento para com o jogo, fosse ele contra o Bayern ou Penafiel, a feijões ou para a Champions. O brasileiro não faz distinções, é sempre a doer e sempre com aquela postura do antes quebrar do que torcer.
Aboubakar - 35 minutos em campo, um golo e uma assistência, dificilmente se podia pedir mais a um jogador que não calçava há mais de um mês. É muito possivelmente o jogador mais cool do plantel, a seguir ao Hélton.
Carlos Brito -  Grande flash-interview. Sempre admirei a forma honesta, simples e descontraída como este treinador está no futebol.



Brahimi - Penso que já tudo foi dito sobre a 2ª parte da época do argelino. Muito sinceramente não me lembro de um jogador com uma descida de rendimento tão rápida, ainda por cima e talvez depois de uma ascensão meteórica. Foi mais um jogo fraco, onde complicou quase sempre tudo. Falhou aquele tipo de golo que todos nós dizemos " aquele, até eu marcava". 
Reyes - Num jogo onde pouco ou nada teve que fazer, conseguiu borrar a pintura com um passe suicida a desmarcar um jogador do Penafiel.








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