There's something about Madeira.
Estas viagens e resultados na Madeira fazem-me lembrar as relações que os pais têm com os filhos quando estes são pequenos, porque constantemente dizemos "não faças isso senão magoaste", ou " não vás por aí senão cais", e eles cagam nos avisos e fazem-no na mesma, com o desfecho que nós próprio prevemos. Já todo o adepto portista percebeu que os jogos na Ilha Maldita são especialmente complicados, com maior incidência nos últimos anos, e por isso deixamos sempre um alerta à equipa "joguem com raça e garra porque vai ser um jogo muito complicado". A equipa do Porto, tal e qual um miúdo de 3 anos, não deu ouvidos aos pais, e magoou-se.. mais uma vez.
A última vitória nos Barreiros data de 28.04.2012 e foi conseguida com 2 golos sem resposta do incrível Hulk, e e digo incrível por 2 motivos, primeiro pelo próprio Hulk e em depois porque ganhar e marcar na Madeira tem sido algo tão raro como incrível. Desde esta última vitória, há quase 3 anos e meio, temos 5 jogos para todas as competições, 3D e 2E e um goal-average negativo de 6-3 nos golos. Como é fácil perceber, não se pode dizer que o empate de ontem foi surpreendente, ou que a equipa e treinador do Porto tenham sido apanhados de surpresa. Nesta fase da época, com o empate do Zborting e com apenas 2 jornadas decorridas, não há como dizê-lo de outra forma, foi um empate amargo, com sabor a derrota.
Chamem-lhe azar ou aselhice, o facto é que o Porto empatou e também fez muito pouco para que o resultado fosse outro. O Marítimo fez muito pouco durante o jogo todo mas a verdade é que marcou logo aos 5 minutos, e fez o Porto andar atrás do prejuízo (adoro esta expressão) logo a partir do inicio do jogo. O Porto só entrou com 10, porque o Cissokho não sabia que o jogo começava às 20.45h e ficou no balneário a dar os últimos retoques no equipamento, e isso fez com que o Porto sofresse um golo que fica na categoria do amadorismo. Por falar em amadorismo, o que dizer daquele atraso do meio o campo aos 15 minutos, do Herrera para o Casillas? Há remates à baliza que não são feitos com tanta força. Mas adiante, o Porto apesar do golo sofrido, reagiu bem, tomou conta do jogo e mesma não rematando muito, não deu qualquer tipo de hipóteses a possíveis contra-ataques dos madeirenses. Passava pouco da meia hora de jogo, quando Herrera decidiu fuzilar a baliza certa e o empate estava conseguido. O Marítimo só voltou a "assustar" num livre directo a 132 metros da baliza do Casillas. O intervalo chegou e quando se pensava que o Porto assaltaria ao pé armado a baliza de Salin, aconteceu precisamente o contrário, a equipa foi amorfa, desinspirada, inconsequente e os únicos lances de real perigo, chegaram já perto do fim, por Aboubakar e Maxi. O Porto em todo o jogo rematou 9 vezes, contra 8 do Marítimo, embora o Casillas não tenha feito uma única defesa.
Brahimi - O MVP da partida. Fez uma grande 1º parte, muito ao nível do melhor Brahimi da temporada passada. Semeou o pânico (outra expressão que muito aprecio) na defesa insular e não foi por ele que o Porto não marcou mais golos. Esta no lance do golo do Herrera, e faz o cruzamento para a cabeçada do Maxi à barra, pelo meio muito finta e muito adversário ultrapassado. Pré-época e 2 jornadas depois, parece o jogador em melhor forma da equipa.
Maxi - 2 jogos, 2 boas exibições. Ontem foi mais extremo do que defesa e isso fez com que muito do jogo atacante do Marítimo fosse jogado nas suas costas. A raça do costume, a intensidade a que nos habitou desde que chegou a Portugal e uma cabeçada com estrondo na barra que certamente calaria em definitivo os anti-Maximiliano.
Cissokho - Após a saída de Jackson e no primeiro jogo do seu substituto natural, ficamos claramente com a ideia que com Aboubakar a ausência do colombiano seria bastante minimizada. Em sentido oposto e depois da saída de Alex Sandro, Cissokho no seu primeiro jogo a titular, deu a clara impressão que talvez seja necessário ir novamente ao mercado em busca de uma alternativa forte para o lado esquerdo da defesa. O Alex Sandro falhava pouco mas também falhava, mas deixar-se "comer" daquela forma, é algo que me parece muito difícil de acontecer. Um erro primário, amador, infantil.
Imbula - Esqueçamos a valor do passe e concentremos-nos no valor desportivo do francês. Imbula, pelo que demonstrou na pré-época e também com o Guimarães, tem de fazer muito mais do que ontem. Muito pouco mas quem tem mostrado tantos atributos técnicos e físicos.
Bolas paradas - Os indícios deixados no primeiro jogo da época davam a ideia de que algo tinha mudado em relação aos livres e cantos, porque se assistiu a alguns lances bem trabalhados, que vinham contrariar tudo o que se fez na época passada neste aspecto. Ontem tivemos um regresso ao passado. Imbula, Brahimi e Maicon foram alternando na marcação de livres sem qualquer tipo de perigo. Estavam decorridos 25 minutos de jogo e já tinha contado 3 cantos do Varela, todos cortados ao 1º poste. Com a saída do extremo português, foi Tello a fazer mais do mesmo.
2ª parte - Sofremos um golo aos 5 minutos, fizemos o mais difícil que era empatar ainda na 1ª parte. A 2º parte deveria ter sido completamente diferente do que foi. Cansaço? Talvez, mas 2 ocasiões de golo durante 45 minutos é muito pouco para quem um candidato ao titulo.
Lopetegui - Como é hábito no basco, foi sempre muito interventivo e vimo-lo mais que uma vez a puxar pela equipa quando esta parecia cair no adormecimento mas quer-me parecer que não foi feliz nas substituições. Sei que muitos jogadores na frente, não significa mais oportunidades de golo, mas trocar avançado por avançado aos 80 minutos de jogo, num jogo que está empatado, não foi a atitude mais ambiciosa da carreira do nosso Mister.
Um aparte: Esta foi a centésima posta de pescada aqui no estaminé. Como é óbvio e dado que tenho muito gosto e prazer no que faço, espero e desejo que possam ser muitas mais. A disponibilidade não é muita mas a vontade é gigantesca e por isso enquanto tiver saúde e discernimento para escrever, vou continuar até que os dedos me doam.
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