Empate com sabor a empate.
Sendo a Ucrânia um destino sempre difícil para quem vai lá jogar futebol, o jogo de hoje não fugiu a essa premissa. O Porto empatou um jogo que poderia ter ganho facilmente mas que acabou por ter de se esforçar muito para não o perder. Foi duro, foi difícil, foi "impróprio para cardíacos", em suma, foi um empate, que dadas todas as circunstâncias, apenas soube a empate.
Foi mais um jogo com o 11 inicial diferente de todos os outros anteriores. O Lopetegui vem demonstrando desde o inicio da época que é um fã convicto da rotatividade/rotação na equipa em praticamente todas as posições e hoje não foi diferente. A surpresa maior foi a inclusão do camaronês Aboubakar no lugar do titularrísimo Jackson mas viemos a saber no flash-interview no final do jogo que o colombiano tinha problemas físicos. Marcano foi novamente titular, dando seguimento aos excelentes apontamentos dados nos jogos contra Boavista e Sporting, apesar de hoje ter jogado a trinco. no lugar habitualmente ocupado pelo Casemiro. O espanhol, apesar de uma possível inaptidão, não demonstrada em campo, fez um excelente jogo.
Ao contrário do jogo da passada 6ª feira em Alvalade, hoje o Porto não deixou o Shakhtar entrar em campo no estilo "mandão". Equilibramos o jogo desde o primeiro minuto, fomos para cima dos ucranianos nunca os deixando construir os perigosos contra-ataques que são uma das suas imagens de marca. O equilibrio foi a nota dominante da 1ª parte, apesar da grande oportunidade de golo ter sido do Porto num penalti falhado pelo Brahimi (já antes tinha havido um penalti não assinalado pelo árbitro turco). A 2ª parte foi digna de um filme do David Lynch, o Porto foi muito superior ao adversário mas sofre 2 golos infantis resultantes de 2 erros individuais de jogadores do Porto. Pessoalmente desculpo o lance do Óliver, é um miúdo com 19 anos, com pouco andamento nestas andanças que comete um erro fruto dessa mesma rebeldia e inexperiência, mas o lance do Maicon não tem qualquer tipo de desculpa. A ver-se a perder por 2-0 sem que o Shakhtar tivesse feito muito por isso, o Porto teve que "arregaçar as mangas" e fazer apelo a toda a alma portista, tendo reduzido a vantagem através de um penalti desta vez convertido calmamente por Jackson. O golo do empate surge nos descontos novamente por Jackson, talvez na única jogada em que o Tello decidiu bem.
O melhor em campo foi inevitavelmente o Jackson pelos 2 golos marcados em apenas 25 minutos em campo mas o Quintero também entrou muito bem no jogo. Marcano foi um muro difícil de deitar abaixo e o Aboubakar deixou bons apontamentos apesar de ter dado a ideia de ter jogado muito sozinho na frente. Por fim, falar do Tello é falar de um jogador com uma técnica e velocidade fantásticas mas que decide mal em 90% dos lances em que está envolvido e hoje não foi diferente apesar de ter sido fundamental no golo do empate.
1 comentário:
O facto mais marcante deste jogo são as falhas na posse de bola em zonas defensivas de risco e que ofereceram 2 golos ao adversário ... adversário que de outra forma quase nem incomodou o Fabiano!
São neste caso falhas individuais, mas também colectivas, pois é este o modelo de jogo da equipa e já no SCP aconteceu.
Gerir 70 a 80% de posse de bola não é fácil. Manter-se concentrado durante os 90 e tal minutos é neste modelo mais difícil pois todos os jogadores se expõem a algum nível de risco constantemente ao participar na posse e circulação de bola.
Como se vê desde os tempos do Barça, até para os adeptos é dificil seguir os 90 minutos de tiki-taka: é algo monótono, cansa, mói, para o adversário certamente que sim, mas para os próprios jogadores é um exercício mental também exigente.
Falta ainda alguma dinâmica e variabilidade ao modelo... não sei se treinador a procura! Falta aquilo que ontem o Quintero deu ao jogo: movimentações entre a linha média e defensiva para definir as jogadas pelo centro quando a largura não está a funcionar e quando as equipas recuam para se defenderam da posse de bola Portista.
O que até aqui se tem visto é o Porto a circular a bola por fora das equipas adversárias, o que é mais fácil, mas menos eficáz. se fizermos um quadrado virtual ocupando o espaço dos defesas e médios, o interior desse quadrado é o espaço mais precioso de cada equipa e é por aí que não temos tido opção ou capacidade de circular a bola. Oliver tem muita qualidade mas abre demais e recua demais para este efeito.
outro facto relevante é a entrada directa para o 11 de Aboubakar... isto fez-me sentido pois seria previsivel que o Porto pudesse em progressão e velocidade aproveitar as transições, algo que o Jackson não dá... mas claro que se perde presença de área, e com o Shaktar encostado a trás depois de se apanhar a ganhar já volta a fazer sentido meter o Jackson. Se a intenção é rodar por motivos físicos, também compreendo e concedo.
Um dos factos muitos frequentes é que o treinador tem sabido ler muito bem os jogos e geralmente dá eficiência e eficácia à equipa quando mexe e faz substituições. não é o chamado pé frio!
Marcano fez um bom jogo numa posição improvável, resultou bem. é experiente e ainda me parece que o Ruben é tenro de idade e de futebol para esta dimensão de desafio.
resumindo.. podiamos ter vencido com relativa facilidade... mas quase saímos ridicularizados por erros pontuais individuais que são mais graves porque podem colocar em causa o modelo que ainda está em fase de implementação.
Obrigado Jackson... especialmente na coragem para bater o penalti... ainda tremeu!
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