Sinto falta do sorriso do Vincent.
No histórico de confrontos entre Porto e Paços disputados na Invicta, o maior do mundo leva uma clara vantagem, porque são 18 Jogos, com 15 vitórias e apenas 3 empates. A vitória de ontem foi de longe a mais sofrida desde o empate a 3 em 2011, e aconteceu em parte pela boa organização da equipa pacense e por um guarda-redes claramente inspirado, mas principalmente um exasperante desacerto na hora de meter a redondinha nas redes de Marafona.
Os adeptos não se podem iludir e pensar que se poderá assistir a Ópera sempre que o Porto joga. Nem sempre será possível comer Filé Mignom e vestir fato e gravata, por isso em jogos como o de ontem é fundamental vestir uma roupa velha, mexer e remexer na merda, comer uma sandes de chouriço e outra de queijo apenas quando houver um tempinho livre e mexer e remexer na merda até o trabalho ficar feito. A estratégia para este jogo até poderia ser a mais infalível mas um golo aos 8 minutos, apesar de não te obrigar a mudar tudo, faz-te ter uma abordagem ao jogo claramente mais pragmática. O Porto ganhou ontem porque foi melhor que o Paços, porque criou muito mais oportunidades que o adversário mas fundamentalmente, ganhou porque tentou de tudo um pouco para que isso acontecesse.
O Paços tem feito um campeonato seguro, já com um empate em casa de um grande nesta época por isso não foi surpresa a sua entrada em campo de um forma completamente descontraída. O jogo começou dividido mas foi o Porto a criar a primeira situação de golo numa cabeçada de Maicon, na sequência de um canto marcado por Layún. Como se percebeu neste jogo, o defesa mexicano, além dos penáltis, é também responsável por toda e qualquer bola parada. O Paços responde pela mesma moeda, de canto mas com um desfecho mais eficaz, o golo, num lance em que Maicon faz bem o 1º corte mas Indi fica a dormir na forma e permite o passe de Ricardo para Bruno Moreira. O pânico instala-se no Dragão e cá em casa, primeiro porque não é nada normal o Porto sofrer golos no Dragão e principalmente porque na reinado de Lopetegui, nunca a equipa conseguiu dar a reviravolta depois de sofrer primeiro. O golo foi como se diz no mundo do futebol, "sofrido a frio", a equipa intranquilizou-se, falhou passes e os adeptos começaram a fazer o seu trabalho habitual, assobiar. Seguiram-se 10/15 minutos de alguma indefinição, altura em que a equipa pega no jogo pelos colarinhos e começa a carregar sobre a defesa amarela e Maicon volta assustar Marafona com nova cabeçada. Chegávamos à meia hora de jogo, altura em que Brahimi veio ao meio e pede a bola ao Indi, dispara em direcção à área pacense e suavemente entrega a bola a Corona, que faz um golo atacado de classe. A equipa alcançava o empate e poderia começar o jogo do 0, mas André não quis esperar e depois de roubar uma bola, entrega-a a Corona que desta vez não consegue enganar Marafona. Até ao intervalo só Herrera criou perigo, num remate que passa a rasar a barra, depois de amortie do Sadbakar. A 2ª parte começava a pedia-se uma entrega total e constante ao jogo, Sadbakar fez isso mas a bola sai por cima da barra mais uma vez. O jogo entra então num período de muitas lesões que tiram ritmo à equipa e ao jogo mas felizmente para os portistas, Herrera mesmo depois de andar a fazer passes para os apanha-bolas durante o jogo todo, disputa na raça um lance com Marafona, sofrendo falta para penálti na sequência dessa mesma batalha. Uma jogada que demonstra bem toda a disponibilidade do médio mexicano em campo. Layún pega na bola, Julen fecha os olhos, eu agarro-me ao sofá, mas o defesa mexicano não treme e disfere nacho mesmo ao cantinho da baliza. 64 minutos, finalmente na frente do marcador. 65 minutos, sinto saudades do sorriso do Sadbakar. O Porto consegue manter a bola afastada da baliza de Casillas, que ainda não tinha feito qualquer defesa e goleava nos remates na direcção da baliza, 10-1. Os portistas ansiavam pelo 3-1 para começar a pensar no Chelsea mas a equipa queria pensar no Paços até ao final do jogo e por isso Tello permite nova defesa a Marafona num grande contra-ataque portista e Sadbakar remata novamente por cima quase em cima da linha de golo, depois de passe de Tello. O jogo chega aos descontos, o Paços percebe que o Porto não vai marcar mais nenhum e começa no chuveirinho. Os últimos minutos do jogo são passados com os amarelos a enviar bolas para a área portista e o Maicon a limpar tudo e todos porque o capitão não brinca quando tira os pés do chão. Finalmente o apito final de Xistra, Uff, alivio. Não nos enganemos e vejamos o caso do Sporting, para sermos campeões, será preciso sujar muito as mãos, a cara e os pés, para ganhar jogos como este. Pede-se é um pouco mais de eficácia, se possível, claro.
Corona - O MVP da partida. O Tecatito levou quase sempre a melhor sobre sobre Hélder Lopes, em velocidade ou em fintas curtas. Fez o seu 6º golo no campeonato, ultrapassando o Aboubakar e tornando-se assim no melhor marcador da equipa no campeonato. Marcou um golo de enorme categoria, poderia ter marcado outro ainda na 1ª parte e foi sempre um desequilibrador.
Layún - Tal como Marcano, um autêntico achado. O homem não tem pilhas, ele é uma autêntica pilha. Teve dificuldades no inicio porque lhe calhou uma mota amarela em sorte, mas depois de acertar na marcação, foi eficaz a defender e incisivo no ataque. Marcou um penálti sem espinhas e poderia ter aumentado o seu número pessoal de assistências, caso Tello rematasse com mais convicção.
Maicon - Um Boss. A braçadeira que bem que lhe fica. Tentou marcar em 2 ocasiões mas infelizmente Marafona estava sempre bem colocado e na altura de maior aperto foi um verdadeiro gladiador limpando tudo o que lhe aparecia à frente. Londres terá certamente a dupla de M&M's.
Herrera - O mexicano acha sempre que a bola está vazia e por isso envia-a sempre para os apanha-bolas. Fartou-se de fazer cagada mas como nunca se deixa ir abaixo foi virar do avesso o redes pacense no lance que resultaria no empate.
Lopetegui - A semana passada assistimos à primeira vitória de Lopetegui na Ilha Maldita e esta semana fomos brindados com a primeira remontada do basco ao serviço do Porto. Não inventou e foi pragmático nas substituições nos diversos momentos do jogo, trocou Danilo por André após o 2-1 para dar músculo ao meio campo, tirou o apagado e cansado Brahimi para fazer entrar a mota fresca Tello e voltou a mexer bem na equipa quando fez entrar Evandro para o lugar do esgotado Herrera. Mudanças sem mudar o modelo de jogo que acalmaram sempre a equipa.
Aboubakar - Nos jogos anteriores não teve bola e por isso não teve oportunidades de golo. Ontem teve muita bola e pelo menos 3 excelentes ocasiões para marcar. Não o fez, está triste, não sorri e demonstra uma total e enervante falta de confiança. Onde está o Vincent e o que é que lhe fizeram?
Ineficácia - Depois dos 4 golos na Madeira, num jogo em que a equipa foi tremendamente eficaz, ontem fomos precisamente o inverso. Corona, Aboubakar e Tello não mataram um jogo que esteve sempre vivo até ao fim por culpa própria.
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