Pragmático QB

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quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Braga 1 vs FC Porto 1 - 21.01.2015 - Taça da Liga


O Machado era grande, mas a raça foi maior.

Um jogo que se previa tenso, disputado e equilibrado entre duas equipas, que embora fizessem muitas alterações naquelas que são as suas equipas base, tinham grandes expectativas de vitória. Mas, infelizmente o protagonista máximo da Pedreira desta vez não foi Jackson, Óliver, Quaresma, Éder, Rafa ou Pardo, foi sim o senhor Cosme Machado, que para além do seu nome sui generis, optou por uma postura "sui horribilis". Não querendo pormenorizar em demasia a actuação do árbitro, porque não é esse o meu modus operandi, é justo dizer que no jogo de ontem, a arbitragem revelou falta de zelo, falta de bom senso, falta de critério e principalmente, uma tremenda falta de categoria e qualidade. Foi um filme digno do David Lynch.

Tal como tinha escrito, era um jogo que se previa equilibrado, tal como historicamente têm sido todos os jogos entre Braga e Porto, mas que se tornou desequilibrado fruto das 2 expulsões ainda na 1ª parte. O Braga entrou muito bem no jogo, era a equipa que jogava em casa e devido à sua situação no grupo, era também a equipa a quem a vitória interessava mais. A equipa do Minho foi pressionante desde o 1º minuto e não deixou o Porto construir o seu habitual estilo de jogo. Tal como o jogo contra o União da Madeira, o Porto repetiu o meio-campo e mais uma vez os 3 médios acabaram por ocupar os mesmos terrenos e não permitiram à equipa fazer a transição defesa-ataque de uma forma mais fluída. O Braga aproveitou-se disso mesmo e foi sempre melhor durante a 1ª parte, tendo o Porto marcado na única situação onde se aproximou da baliza do Kritciuk. As expulsões aos 34 minutos (Reyes) e 43 minutos (Evandro) mataram o equilibrio do jogo mas não o Porto, que revelou uma raça e espírito de sacrifício a roçar o heróico. O intervalo unicamente serviu para Lopetegui preparar a equipa da melhor forma para enfrentar 50 minutos com 9 jogadores e a verdade é que a equipa demonstrou em campo uma atitude e união como não se via há muito tempo. Com uma posse de bola de 37%, de longe a mais baixa desta época, e um sistema que era uma espécie de 4-2-2 ou 4-4, o jogo acabou justamente empatado, não pelo equilibrio nas oportunidades de golo, mas pela forma épica como os 9 guerreiros da Invicta protegeram a baliza do Hélton.

Existe um clichê que diz "perdemos o jogo mas ganhamos uma equipa". Neste caso não perdemos, empatamos, mas a forma como a equipa fez a 2ª parte plena de raça, querer, espírito de sacrifício e união deixa-me a mim, adepto portista, cheio de orgulho. Apesar de ser um jogo para a Taça da Liga, competição que desprezamos desde a sua criação, tivemos um cheirinho do que é a mística portista, o jogador "à Porto", o colectivo acima de toda e qualquer individualidade. O clube, a equipa e os adeptos saíram ontem da Pedreira com a sensação do dever plenamente cumprido e com a ideia que neste Porto de Lopetegui todos contam, todos são importantes, todos terão a sua oportunidade. Ver o Rúben jogar a 2ª parte a coxear, o Campaña com câimbras, o Tello sempre a fazer piscinas, o Indi a festejar um corte para canto como se de um golo se tratasse e o Hélton a chorar no final do jogo, é para mim não só um motivo de grande satisfação, mas principalmente de grande orgulho. O que vimos ontem, É SER PORTO.







Claques - Tantas e tantas vezes relegamos a claque para um plano secundário e envergonhamos-nos por atitudes que em nada dignificam a grandiosidade do maior clube português. As palavras desta vez só podem ser elogiosas, porque o que se viu e ouviu ontem em Braga merece todo e qualquer destaque. Sempre a cantar, sempre a apoiar, isto sim são os adeptos portistas. Nos primeiros 15 minutos só se ouvia a claque do Porto. Lindo.

Lopetegui - Justiça lhe seja feita, se existe este espírito no grupo, grande parte da "culpa" é do seu treinador. Teve grande mérito na forma como montou a estratégia para a 2ª parte, e excelente substituição ao mandar o guerreiro Herrera para dentro do ringue.

Organização da Equipa - É óbvio que o Porto sofreu na 2ª parte, não se esperava outra coisa, mas não foi um sufoco, não vi o Braga a encostar o Porto às cordas e a criar situações claras de golo em catadupa. A equipa teve uma enorme organização, defendia com 8 homens à volta da sua grande área e lançava os 2 ciclistas Tello e Herrera para a frente sempre que possível, conseguindo duas excelentes oportunidades de golo por Tello e Campaña. 

Hélton - O Capitão voltou e fê-lo em grande. Um punhado de boas defesas, aliadas à habitual segurança e tranquilidade em campo fazem do brasileiro o melhor em campo. Destaco também a forma subtil que perdia tempo em cada lance que tinha a bola, sempre com aquele sorriso manhoso de quem leva muitos anos disto. Viu o amarelo aos 90 minutos, depois de passar toda a 2ª parte a "enconar". Um regresso em grande e um final de jogo em que se emocionou muito por culpa dos 9 meses de paragem. É o Capitão, é um líder e é sem espinhas, o dono da baliza portista.

Rúben Neves - O mais esclarecido dos portistas. Fez metade do jogo claramente inferiorizado, mas nunca perdeu o sentido de jogo, a capacidade de passe e o posicionamento defensivo. Um grande jogo do "experiente" menino de 17 anos.

Evandro - Nota de destaque para a forma quase obscena com o brasileiro marca os penáltis. Uma eficácia tremenda num ponto muito sensível da equipa. Se copiarem a regra do Andebol onde um jogador pode entrar unicamente para marcar ou defender penáltis, eu assino por baixo.

Herrera - Excelente entrada em jogo. Tinha a missão de fechar o lado esquerdo portista e ser o responsável por lançar o Tello às feras e fê-lo religiosamente. 

Ángel - A cada jogo que passa fico mais fã deste moço. Jogo muito competente. A possível venda do Alex Sandro deixou de me tirar o sono.







Tello - Mais do mesmo. É um jogador com uma velocidade e técnica invejáveis mas a forma como define 99% dos lances fazem dele quase sempre um problema e não uma solução. Podia ter dado a vitória e ter elevado o heroísmo da equipa para outro nível, num lance em que se vê isolado e remata fraco.

Lesões - Aderlan e Ádrian saíram nos primeiros 10 minutos e foi mais um factor para desvirtuar o jogo. No caso de Ádrian, aconselho uma ida à bruxa porque tudo parece acontecer ao espanhol.

Cosme Machado - O "Howard Webb" português é fraco, não há duvidas, mas ontem foi exacerbadamente mau. Julgou mal uma série de lances, teve dualidade de critérios, ou seja, esteve ao seu nível. A importância do jogo não era muita, mas o estatuto das equipas merecia uma arbitragem bem mais competente. Temo que tenha sido um aquecimento para o jogo na Madeira, desta vez com o nosso "amado" João Capela.











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