A derrota esperada.
Por incrível que pareça dado que são duas equipas que habitualmente jogam as competições europeias, este foi o primeiro jogo oficial entre os dois emblemas. Um Dortmund que neste momento se encontra em 2º lugar no campeonato alemão a 6 pontos do Bayern mas curiosamente com o mesmo número de golos marcados (53), o que diz bem do poder ofensivo dos germânicos e um Porto que com 62 golos em todas as competições, estabelece a pior marca desde a época 2007/08. Por outro lado encontraram-se duas equipas em diferentes situações no que diz respeito aos jogadores disponíveis para este jogo, o Dortmund praticamente na máxima força, com o seu ataque titular a jogar e o Porto com uma defesa e meio campo remendadas sabe lá Deus como. O Porto perdeu e perdeu bem, por números que felizmente não foram mais pesados, num jogo em que entramos em campo para perder por poucos e a tentar manter a chama viva para a 2ª mão no Dragão.
Exceptuando o ataque onde tínhamos todos os jogadores disponíveis, Peseiro era obrigado a mexer no miolo mas sobretudo na defesa. Com Marcano lesionado, Chidozie fora da lista para a Europa e Maxi e Danilo castigados, o Mister tinha forçosamente de "inventar" e não me parece que tenha estado particularmente bem neste capitulo. Se a entrada do Rúben para o lugar de Danilo era uma mexida esperada, as entradas de Varela para o lado direito da defesa e a adaptação de Layún a central, não me pareceram muito felizes. Este foi mais um daqueles casos onde me pareceu que entre surpresas e adaptações, Peseiro arriscou demasiado, dada a importância do jogo e o poder do adversário. Sou sempre da opinião que se deve mexer o menos possível por isso fazia todo o sentido fazer entrar Vitor Garcia (não tenho a certeza se está inscrito na Europa) para o lugar de Maxi, Verdasca, um central inexperiente mas de raiz e com rotinas naquela posição, para o lugar Marcano e manter assim Layún à esquerda. É óbvio que isto é tudo teoria mas achei que houve demasiadas alterações para um jogo só.
Mas falemos da partida e de mais um jogo em que o Porto começa praticamente a perder, num lance que a falta de rotina entre os 4 defesas pode ter influenciado o facto de Piszczek ter alvejado a baliza de Casillas em dose dupla. Golo aos 6 minutos e Porto a cheirar a borracha durante a primeira meia hora, este foi a ementa do inicio de jogo. Apesar do golo sofrido cedo, o maior do mundo não se transformou numa equipa em pânico e com menor ou maior dificuldade, concedeu poucos espaços ao ataque alemão e poucas situações de possível golo. Ficou também clara a ideia de que para um jogo destes, era imperativo ter um Rúben e principalmente um Herrera muito mais esclarecidos com a bola nos pés, infelizmente não os tivemos. Os primeiros 45 minutos demonstraram também que Varela de certa forma, estava a ser uma aposta ganha, e Layún, não sendo um Baresi, conseguia disfarçar bem. Ao intervalo, os 9-1 em remates e os 68-32% em posse de bola a favor do Dortmund eram números demonstrativos da inequívoca superioridade alemã sobre o maior do mundo mas o resultado de 1-0 deixava boas expectativas para a 2ª parte do jogo e principalmente para a 2ª parte da eliminatória. O Dortmund entra para os segundos 45 minutos de uma forma menos sôfrega, mais paciente e com menos pressa de chegar à nossa baliza e ainda bem porque de cada vez que acelerava, punha a nu as debilidades da defesa portista. O Porto recuava e não conseguia fazer 4/5 passes nas poucas vezes que recuperava a bola e nesse capitulo, Herrera foi 8 e não 80 como na Luz. A constante troca de bola no nosso meio campo defensivo, uma, outra e outra vez, fez com que o Dortmund chegasse ao 2º golo por Reus, numa jogada em que a bola foi de um lado ao outro do ataque germânico. O melhor que o Porto conseguiu foi um remate do esforçado Suk quase no final da partida, que Bürki defende bem.
Não sendo um bom, 1-0 seria um resultado razoável e possível de contrariar no Dragão, que o diga o Bayern, que na época passada perdeu por 3-1. Se quisermos ser optimistas e românticos, poderemos dizer que perder com 2 golos em casa de um clube que tem 3,5 golos marcados de média perante o seu público, foi de certa forma positivo. Foi a 9ª derrota do maior do mundo esta época, algo que só aconteceu na famigerada época de Paulo Fonseca, mas passadas 44 jogos, ao contrário das 37 actuais. 2-0 é um resultado que nos obriga a marcar pelo menos 3 golos, algo que não sendo tarefa impossível, obrigará o Porto a fazer um jogo praticamente perfeito. Com um Dragão cheio de portistas, com a equipa mais arrumadinha e completa do que neste jogo, com uma atitude mais ambiciosa e menos expectante, acredito que o Porto possa estar perto da próxima eliminatória.
Layún - O MVP da partida. O mexicano desta vez não assistiu, não marcou mas foi o jogador mais esclarecido da equipa. Ajudou a secar o cabeça de cartaz em termos de golos do Dortmund, isto porque Aubameyang trazia na bagagem 30 golos em 31 jogos esta época. Ainda que mantenha a opinião que se perdeu um excelente lateral esquerdo mas se improvisar um central, Layún não envergonhou naquela que foi a sua estreia no centro da defesa.
Marega - Muita luta, muita entrega ao jogo, foi o melhor do ataque portista. Com Brahimi completamente apagado, com Aboubakar a ser completamente engolido pela defesa amarela, foi o maliano o único destaque no ataque portista.
Brahimi - Demasiado colado à ala, o argelino foi uma completa nulidade. Escondido durante praticamente os 60 minutos em que esteve em campo, fiquei com a ideia que Suk, dado o seu poder de choque, poderia ter entrado para o seu lugar. Ainda está a tempo de se redimir porque na 2ª mão, exigi-se o Brahimi das grandes noites europeias.
Herrera - Apesar das muitas surpresas e adaptações no onze inicial do Porto, Herrera era o jogador com mais responsabilidades na equipa, o elemento que após a recuperação de bola, deveria esticar o jogo até á área contrária. O mexicano nunca foi capaz disso, falhou inúmeros passes, alguns por culpa própria e os restantes pela enorme pressão dos alemães no homem da bola.
Rúben Neves - A maior critica que lhe faço, é que se sentiu muito a falta de Danilo no jogo. O médio nunca se conseguiu impôr no meio campo portista e foi mais um a ser engolido inteiro pelos alemães.
Peseiro - Demasiadas mexidas e adaptações para um jogo só. A meu ver, o nosso Mister atrapalhou-se um pouco quando percebeu que não poderia contar com Marcano.
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