Um cheirinho do Porto à Porto.
Foram precisos 14 jogos para o maior do mundo voltar a sorrir e festejar a vitória na capital portuguesa. O Estádio António Coimbra da Mota, também conhecido pela Amoreira, tem-se tornado ao longo os anos uma espécie de Choupana e Barreiros do continente e prova disso é o histórico de confrontos entre as duas equipas em casa do Estoril. O Porto soma apenas 9 vitórias em 24 jogos a contar para a Liga Portuguesa, tendo empatado 7 e perdido os restantes 8. Uma taxa de vitória de 38% traduzem friamente bem, a dificuldade que tem sido jogar na Amoreira, estádio onde tínhamos empatada a 2 golos, os dois últimos jogos. A vitória foi conseguida com raça e muito suor, numa excelente resposta dada ao golo sofrido logo aos 2 minutos.
Peseiro apresentou o onze do costume, também conhecido como a equipa base de Lopetegui, sinal que o ribatejano acredita que, embora as rotinas e os processos de jogo estivessem "errados", este é o nosso melhor onze. Equipas e onzes iniciais à parte, o Porto começa o jogo a perder tal como em Guimarães e sinceramente pensei que iríamos a assistir a um remake do que tinha sido o jogo na Cidade Berço. Não sei se é o meu ódio de estimação a falar mais alto mas fiquei com a nítida ideia que o Casillas poderia e deveria ter feito melhor, numa bola que passa por cima dele. Falta de reflexos? Talvez, a idade pesa, eu que o diga. Felizmente o Porto não se deixou abalar, nem precisou de psicóloga para manter a atitude e o Normalbakar está perto do empate depois de um canto de Assist Layún. O Porto toma completamente conta do jogo e empata num contra-ataque fulminante aos 18 minutos, numa jogada em que André ganha na raça no meio campo, passa a Layún que numa correria desenfreada endossa para o Normalbakar fuzilar Kieszek. Um golo de contra-ataque do Porto, incrível. O Porto encosta o Estoril às cordas e André está perto de marcar numa recarga a remate de Maxi, mas o golo acaba por chegar em mais um canto exemplarmente marcado por Layún e melhor finalizado por Danilo. O defesa mexicano com estas 2 assistências chega às 12 na Liga Portuguesa e isola-se ainda mais na liderança desta categoria. André cheira novamente o golo depois de uma oferta da defesa canarinha mas infelizmente o resultado não se iria alterar até ao intervalo. Notas que merecem ser destacadas, assistimos a um Porto com uma grande atitude dando uma excelente resposta ao golo madrugador e as constante trocas posicionais entre André, Brahimi e Corona confundiram por completo a defesa amarela. O Porto entra para a 2ª parte com a sua linha de pressão mais baixa, ficando mais na expectativa e dando a iniciativa do jogo ao Estoril. O jogo foi por isso muito mais tranquilo que na 1º metade do jogo, e o primeiro lance de real perigo só acontece aos 77 minutos, numa jogada em que o Normalbakar faz o mais difícil, rematando por cima depois de ser servido de bandeja por André. O árbitro Tiago Martins quis então dar um ar da sua graça e mostra 2 amarelos ridículos e inexplicáveis ao Normalbakar e Corona. O golo da tranquilidade chega aos 82 minutos numa recarga vitoriosa de André a remate de Corona.
Dando uma vista de olhos na estatística do jogo, deparamos com números muito curiosos e o que salta logo à vista são os 47% de posse de bola, algo que acontece pela primeira vez numa época 2015/16 em que temos tido 65%. Menos posse de bola e mais objectividade, aqui começa-se a notar o dedo de Peseiro na equipa. Outro dado importante foi a eficácia e os remates bem enquadrados, o Porto fez 15 remates, 8 deles foram à baliza de Kieszek e 3 deram golo.
Peseiro consegue assim a sua primeira remontada, algo que só por uma vez tinha acontecido com Lopetegui em época e meia. Uma grande primeira parte onde poderíamos ter marcado mais golos, mostrou uma nova face deste Porto e um cheirinho do que é ser Porto. A forma como Brahimi foi buscar a bola dentro da baliza e pediu aos colegas para ir para o seu meio campo no lance do primeiro golo revela uma vontade de ganhar pouco vista naquelas bandas. Espera-se agora a continuação da raça e atitude vista na Amoreira para perceber se foi um jogo sem igual, ou o principio de uma era, onde podemos não ganhar sempre mas vamos "morrer" a tentar.
André - O MVP da partida. Chegou ao golo apenas a 10 minutos do fim mas fez por merecê-lo desde o apito inicial. Incansável na procura da bola, deu-se muito bem nesta nova função que o faz deambular por toda a frente do ataque portista. É um Moutinho com a mesma raça, talvez um pouco menos de técnica, mas muito mais golo. Um jogador Portista, do Porto e à Porto.
Aboubakar - Aquele falhanço praticamente me cima da linha poderia manchar a sua exibição mas não vou massacrar o menino. Um golo, muito trabalho e luta com os centrais canarinhos, uma total disponibilidade para com a equipa e uma entrega total ao jogo.
Layún - 12 assistências só no campeonato, algumas delas para Aboubakar, fazem do mexicano uma "passador" nato. Para mim, a grande surpresa da época. Se no ano passado esse titulo foi para Marcano, esta época Layún merece todo o destaque que lhe possam dar. Um jogador de equipa e sempre virado para a equipa.
Danilo - Depois de o ver jogar nesta pouco mais de metade da época, percebo o porquê de o Sporting o querer para substituir Wiliam. A verdade é que Wiliam está em baixo de forma e Danilo num excelente momento, com alguns golos e a "fazer-se" claramente à titularidade de Portugal na posição 6.
Atitude - Foi muito bom ver a forma como toda a equipa reagiu a um golo sofrido muito cedo. Foi a antítese do jogo de Guimarães.
Golo sofrido - A defesa e principalmente deram a ideia que poderiam ter feito bem melhor no golo sofrido, ou então a culpa é só da defesa e só estou a implicar novamente com o Iker.
Nada mais a destacar.
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