Pragmático QB

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sábado, 23 de maio de 2015

FC Porto 2 vs Penafiel 0 - 22.05.2015 - Liga Portuguesa













A exibição mais silenciosa da época.

A partir do momento em que o jogo de Belém terminou, começou uma das mais animadas semanas dos últimos anos. Desde bloqueios da estrada a caminho do Centro de Treinos do Olival, passando por uma troca de galhardetes entre o Dragões Diários e Super Dragões, e o já habitual silêncio da direcção do Futebol Clube do Porto, houve um pouco de tudo. Habitualmente discordo de grande parte das atitudes das nossas claques, especialmente quando as mesmas em nada dignificam o nosso clube, mas desta vez penso que todos os Portistas sensatos estarão de acordo, não só com o simbólico interromper do treino, mas principalmente com o comunicado elaborado pela mais representativa claque do nosso amado clube.

Para o último jogo do Dragão, esperava-se o chamado "ambiente de cortar à faca". Faço por isso vénias, aos 16009 espectadores que se deslocaram ao Dragão para assistir a um jogo que se previa fraco, num cenário muito possivelmente desagradável, onde o chavão "jogo para cumprir calendário", poucas vezes terá feito tanto sentido como ontem. Os corajosos adeptos e claques que marcaram presença no jogo de ontem fizeram questão de mostrar o seu desagrado perante o que foi a época que agora termina, passando 85 minutos praticamente em silêncio, já que nos últimos momentos da partida se ouviu "o Porto é nosso e há-de ser!". Um protesto onde me revejo totalmente, sem violência e em silêncio - "para bom entendedor, meia palavra basta" - os habituais cânticos de apoio à equipa, foram substituídos por um quase religioso silêncio, acompanhado de meia dúzia de tarjas reveladoras do sentimento de quase toda a Nação Portista.

O jogo foi morno, é uma verdade irrefutável, mas o certo é que poderíamos ter chegado ao intervalo a ganhar facilmente por 3/4 golos. Danilo logo aos 2 minutos abriu as hostes com boa defesa de Coelho, seguindo-se Jackson com um cabeceamento ao lado da baliza penafidelense depois de cruzamento de Danilo e novamente o colombiano a cabecear por cima quando tinha tudo para inaugurar o marcador. A equipa e principalmente Quaresma e Quintero bem tentaram servir o melhor marcador do campeonato mas cedo se percebeu que não era a noite do ainda nosso Jackson. O Penafiel ia respondendo com alguns remates de fora da área, sem no entanto causar grande mossa no nosso relaxado Hélton. Brahimi foi o último a demonstrar o desacerto e desinspiração geral com uma perdida que devia dar prisão, depois de uma magistral jogada de Quintero. O intervalo chegou e o nulo marcador castigava, não tanto a atitude portista perante o jogo, mas principalmente a desconcentração no momento de pôr a redondinha na baliza.

A 2ª parte começa com mais um bom cruzamento de Danilo e nova perdida, desta vez de Quaresma. O jogo entrou numa fase onde ambas as duas equipas pouco fizeram para alterar o resultado, e foi preciso esperar pelo minuto 70 para assistir a algo que nos fizesse aumentar ligeiramente o ritmo cardíaco, com novamente Jackson a tentar marcar de bicicleta. O golo do Porto chega naquela fase do "ok, já estou a ver que vamos empatar isto", por Aboubakar depois de um belo passe do Evandro. Reyes em cima dos descontos ainda teve tempo para uma paragem cerebral e o golo da "tranquilidade" chega logo depois pelo Danilo, depois de um passe Jacksoniano de Aboubakar. Fim do jogo, fim da época, tempo para Jackson e principalmente Danilo se despedirem dos adeptos azuis e brancos.


Danilo - O melhor em campo. Já o seria nos 90 minutos, mas aquele golo e a forma aparentemente tranquila como o fez, foi a cereja em cima do bolo. Ninguém disse ao 2 portista que era um jogo para cumprir calendário, e sendo assim o brasileiro fez uma grande exibição. Foram mais de 10 quilómetros sempre em alta rotação, ora em trocas de bola com Quaresma, com cruzamentos perigosos ou remates à baliza. Marcou o seu 7º golo esta época, o 6º na Liga Portuguesa, o que para um defesa é um número bastante considerável. Quando se tem falado tanto em mística e raça, Danilo é um inequívoco exemplo de que mesmo nascendo a mais de 7.500 km da cidade invicta, podes sentir o clube por qualquer outro jogador que tenha feito todos os escalões da formação portista. A flash no final do jogo é sintomática da sua relação com o clube - "Custa-me muito, mas sei que vou ter um grande desafio pela frente. Amo o FC Porto, aprendi a gostar desta casa, que é minha. Nem tudo correu como queria mas sei que dei o máximo em todos os jogos que participei. Não é fácil deixar este lugar, mas desejo-lhes os maiores sucessos na próxima temporada."
Jackson - Não foi a noite de Jackson, mas era injusto colocá-lo na minha Zona Kralj, depois do que foi a grande época que o colombiano fez. Acaba o ano desportivo com 42 jogos e 32 golos, a sua melhor marca nos 3 anos que nos presenteou com a sua categoria. Ontem fez um mais um jogo à Jackson, batalhador, sempre a dar uma linha de passe para o meio campo portista, mas desta vez falhou num aspecto onde é fortíssimo, o golo.
Quaresma - O extremo acaba a época em excelente forma técnica e física. Ontem foi dos mais inconformados, sempre a tentar chegar a bola ao Jackson, ora em tabelas com Danilo, ora em cruzamentos. Lutou, correu, fez o que pode. A sua continuidade no Dragão divide mundos.
Casemiro - Só jogou meia parte mas fê-lo como se tratasse da final da Champions. O que eu sempre gostei no trinco durante esta época foi este mesmo comprometimento para com o jogo, fosse ele contra o Bayern ou Penafiel, a feijões ou para a Champions. O brasileiro não faz distinções, é sempre a doer e sempre com aquela postura do antes quebrar do que torcer.
Aboubakar - 35 minutos em campo, um golo e uma assistência, dificilmente se podia pedir mais a um jogador que não calçava há mais de um mês. É muito possivelmente o jogador mais cool do plantel, a seguir ao Hélton.
Carlos Brito -  Grande flash-interview. Sempre admirei a forma honesta, simples e descontraída como este treinador está no futebol.



Brahimi - Penso que já tudo foi dito sobre a 2ª parte da época do argelino. Muito sinceramente não me lembro de um jogador com uma descida de rendimento tão rápida, ainda por cima e talvez depois de uma ascensão meteórica. Foi mais um jogo fraco, onde complicou quase sempre tudo. Falhou aquele tipo de golo que todos nós dizemos " aquele, até eu marcava". 
Reyes - Num jogo onde pouco ou nada teve que fazer, conseguiu borrar a pintura com um passe suicida a desmarcar um jogador do Penafiel.








terça-feira, 19 de maio de 2015

Belenenses 1 vs FC Porto 1 - 17.05.2015 - Liga Portuguesa












E quando o golo da tranquilidade não chega?

Rio Ave - Porto, 1-3, 3º golo do Porto chega aos 83 minutos por Hernâni, numa altura em que o Rio Ave tinha reduzido pouco tempo antes e procurava o empate; Setúbal - Porto, 0-2, 2º golo do Porto marcado por Jackson nos descontos; Porto - Gil Vicente, 2-0, 2º golo do Porto marcado por Jackson aos 86 minutos. Depois do jogo da Luz, esta é a história das 3 vitórias que antecedem o jogo de Belém, 3 jogos em que o golo da tranquilidade chega muito perto do final da partida. A série vitoriosa foi interrompida por um golo aos 85 minutos por um jogador, que segundo se consta e ironia do destino, é vermelho desde pequenino.

É certo que as possibilidades de conquista do campeonato eram reduzidissimas, mas num jogo em que era imperativo ganhar fosse de que maneira fosse, para pelo menos manter o suspense até à ultima jornada, sermos brindados com seguramente uma das piores exibições de que há memória, é de provocar sentimentos de revolta ao mais calmo dos Portistas. Pessoalmente e embora não o tivesse dito em voz alta, já tinha atirado a toalha ao chão mas nunca pensei que o knock out chegasse desta forma. Fomos uma equipa descrente, amorfa, adormecida, lenta, apagada, preguiçosa, pusilâmine, tímida, medrosa, insegura e todo outro qualquer sinónimo que reflicta a forma como encaramos este jogo. Tinha escrito horas antes do jogo - "A haver campeão hoje, que seja porque os nossos rivais ganharam o jogo deles e não porque não fomos capaz de ganhar o nosso" - foi um triste desabafo.

Benfas e Porto tem uma forma muito própria de jogar e de encarar cada jogo. O Benfas entra em campo em modo histérico e desenfreado, como se o mundo fosse acabar caso não marquem 3 golos na primeira meia hora, já o Porto entra no modo esplanada, pede um prato de tremoços e outro de amendoins e umas minis e de vez em quando e caso isso não cause muito incómodo e transtorno ao adversário, tenta chegar à baliza contrária para quem sabe, marcar um golito. Caso consiga marcar, pede mais um pratinho de moelas e um fino e quando acaba, tenta novamente marcar. Foi quase sempre assim ao longo da época e foi assim em Belém.

Os jogadores do Porto não sabiam que o campeonato nacional poderia ficar decidido naquela tarde de domingo, é uma das tristes conclusões a que chego, porque caso o soubessem não acredito que tivessem entrado em campo daquela forma. A equipa entrou no estilo férias, a correr pouquinho, a jogar pouquinho e com pouquinha vontade de ganhar. Muita posse de bola e pouca objectividade. O Belenenses não se importava em não ter bola mas sempre que a recuperavam, desatavam todos a correr em direcção à baliza portista. Um atraso suicida de Quaresma para Hélton e 3/4 contra-ataques perigosos e venenosos da equipa de Belém, puseram a equipa em sentido. Herrera primeiro, depois de uma grande jogada e passe de Óliver, e Jackson depois de um passe de Brahimi ameaçaram mas a grande oportunidade de golo surgiu por Sturgeon que remata ao lado já depois de ter passado o Hélton. O Porto acaba por marcar em cima do intervalo pelo inevitável Jackson depois de um grande cruzamento do Alex Sandro.

A segunda parte começa com uma grande jogada de Quaresma e Óliver, que quase dava em auto-golo de Gonçalo Brandão. Fiquei com a ideia que o Porto regressou com 9 jogadores porque Alex Sandro e Brahimi vieram do balneário completamente desconcentrados e desligados do jogo, falhando uma quantidade criminosa de passes. O jogo entrou numa fase surreal, o Belenenses não se preocupava muito em marcar e o Porto estava contente com a goleada de um golo. Não foi surpresa que o empate tivesse chegado aos 85 minutos, numa jogada em que a defesa portista ficou como eu, a ver jogar. O Jackson ainda teve oportunidade de bisar e adiar a festa vermelha mas estava escrito que o Porto mais uma vez não iria ser feliz a sul do Mondego. Título de campeão nacional entregue e embora não tivéssemos feito o embrulho, ficamos encarregues do laço.


Foi tudo demasiado mau, não consigo individualizar.


Foi tudo demasiado mau, não consigo individualizar.

No final do jogo, ainda a quente escrevi o seguinte:

"Hoje, no dia em que vejo o rival directo ser bicampeão 30 anos depois, sinto-me sentimentalmente baralhado. Feliz por num dia de grande azia, ter o discernimento e frieza de não vir para uma qualquer rede social disparar em tudo o que é azul e branco, insultando jogadores, treinador e dirigentes. Hoje não sou menos portista do que era ontem, mas sou certamente menos portista do que amanhã. Fui, sou e serei sempre portista nas vitórias, mas ainda mais nas derrotas. Lopetegui é o meu treinador, é um homem em quem eu confio para devolver a glória ao meu clube, é um portista que sente mais o clube que alguns adeptos que só se lembram de vestir o manto sagrado nos momentos felizes. Lopetegui hoje estava cansado, derrotado, agastado. Sentiu que perdeu a luta para o rival porque sente o clube. Mas não podemos negar que a equipa hoje não foi Porto e empatamos um jogo que merecíamos ter perdido.
Ao contrário do que faço sempre nas épocas em que o meu Porto não é campeão, não consigo dar os parabéns ao vencedor. O Porto falhou em momentos chaves, o nosso rival também o fez mas infelizmente teve aquele empurrão (‪#‎colinho) que lhes permitiu fazer a 2ª metade da época em cima de uma boa almofada pontual."

Hoje, 2 dias passaram e não mudo uma virgula.










quarta-feira, 13 de maio de 2015

Subjectividade vs Factualidade











O assunto que trago hoje é algo que já foi esmiuçado até ao osso um pouco por toda a Bluegosfera, não tendo eu fugido a essa mesma análise como são exemplos disso os textos escritos em Fevereiro e Março deste ano. A Nação Portista está claramente dividida, os mais cáusticos e derrotistas tem descarregado armas, atirado pedras, calhaus, facas, televisões e rádios antigos que já não funcionam, em cima do nosso Mister a propósito de uma época, que segundo eles, foi desastrosa ao nível dos títulos. Frases do género, "o boi do basco não percebe um corno disto" foram ditas quase desde Agosto do ano passado, até ao dia de hoje. Pelo contrário, os restantes Adeptos Azuis e Brancos, os realistas e esperançados numa próxima época ganhadora, têm defendido o Mister com unhas, dentes e muitos textos, como se de um irmão/irmã mais nova se tratasse. Eu incluo-me nos esperançados.

Lopetegui pode assumir ou não, isso é problema dele, mas é óbvio que teve a sua parte de culpa em alguns jogos que não foram e deveriam ter sido ganhos pelo Porto, nomeadamente o jogo da Taça de Portugal contra o Sporting que ditou o nosso afastamento da prova. Neste jogo o Mister fez-me lembrar aqueles jogadores que antes de receber a bola, já estão a pensar no que vão fazer a seguir e quando a bola chega, deixam-na escapar pela linha lateral. Lopetegui não menosprezou o jogo da Taça, como os cáusticos afirmam, Lopetegui pensou no Bilbao antes de pensar no Sporting. Assumiu o risco com algumas mudanças na equipa, foi eliminado em casa contra um rival directo e 3 dias depois ganhou aos Bascos no Dragão e somou 7 pontos em 9 possíveis. Valeu a pena? Talvez não, mas o que resultou daí foi um afastamento da 2ª maior prova nacional e uma Champions muito bem encaminhada.

A história da Taça da Liga é diferente. O Mister desde o inicio optou sempre por onzes que juntavam parte da equipa titular, a segundas escolhas e Equipa B. O risco foi assumido desde o inicio mas aquele célebre jogo em Braga mudou a forma como todos os Portistas passaram a encarar esta competição. Era para ganhar. O Porto chegou às meias-finais sem espinhas mas foi derrotado por um Marítimo que pouco ou nada fez para sair dos Barreiros com a vitória. A equipa facilitou e deu-se mal com isso.

Isto tudo para chegar ao campeonato, porque é esse o objectivo deste pragmático texto. Mais uma vez os cáusticos afirmam que Lopetegui e a equipa não entenderam a rivalidade e importância dos jogos contra o Benfas. Brincamos? Os capitães Hélton, Maicon, Jackson, Danilo, Quaresma e Alex Sandro com pelo menos 3 "anos de casa" não entendem o que é jogar contra o nosso maior rival? Lopetegui viveu numa gruta até chegar a Portugal e desconhece o valor de uma vitória contra o Benfas? Não me parece. Acredito que o Porto não ganhou nenhum jogo devido à experiência, ou falta dela, neste caso. O Benfas é uma equipa rodada, manhosa, experiente e fez uso disso contra o Porto.

A falta de experiência foi sobressaindo ao longo da época em vários jogos e a partida da Choupana é um bom exemplo disso. O Porto tinha de ganhar aquele jogo fosse de que maneira fosse. Estoril fora e Boavista em casa, foram 2 jogos em que podíamos e deveríamos ter ganho mas empatamos ambos. Pusemo-nos a jeito em alguns jogos mas é inegável que também nos puseram a jeito. Erros foram cometidos por treinadores e jogadores mas não há como fugir à imagem de cima. O #colinho aconteceu, é uma realidade e não uma campanha de marketing. O Benfas numa fase menos boa da época, numa altura em que o rolo compressor, era um rolo de papel higiénico, teve aquele pequeno grande empurrão que lhes permitiu embalar e navegar em cima de uma distância para o Porto. Não querendo esmiuçar erros de arbitragem jogo a jogo, dou apenas 2 exemplos óbvios que fariam com que a tabela classificativa fosse "ligeiramente" diferente nesta altura - o Benfas ganha ao Gil Vicente em casa por 1-0 com um golo precedido de fora-de-jogo vs o Porto empata em Guimarães 1-1, depois de lhe ter sido anulado um golo limpo a Brahimi por suposto fora-de-jogo. Nestes 2 casos, e ao contrário de lances de penálti, mão na bola ou bola na mão e restantes faltas, não há subjectividade. São 2 factos que nos colocariam a nós com mais 2 pontos e ao Benfas com menos 2, alternando assim a classificação.

Rui Santos, não é adepto do Futebol Clube do Porto, assim como nunca demonstrou especial carinho e afecto pelo nosso clube. Desde o inicio da época elaborou a chamada "Liga Real" que reflecte as diferenças pontuais entre a Classificação actual e uma Classificação que engloba todos os erros de arbitragem que influenciaram resultados. Eu referi 2 jogos e 4 pontos mas o isento Rui Santos fala numa diferença que no caso do Benfas deveria ser de menos 6 pontos e no nosso caso de mais 4, ou seja 10 pontos de diferença entre o deve e o haver. Para concluir e como recado para todos os portistas causticos e derrotistas, entendam e percebam que foram cometidos inegáveis erros por jogadores e treinador ao longo da época, mas é também inegável que este campeonato foi manchado por erros de arbitragem que fazem com que a classificação tenha sido completamente desvirtuada. Nem o Benfica foi o rolo compressor que todos querem fazer crer, nem o Porto foi o manta de erros e retalhos que resultou em zero títulos nesta época.

segunda-feira, 11 de maio de 2015

FC Porto 2 vs Gil Vicente 0 - 10.05.2015 - Liga Portuguesa













Da cabeça à bicicleta.

Se há adversários historicamente meiguinhos no ninho do Dragão, o Gil Vicente é com toda a certeza um deles. Nos 20 jogos anteriores em casa - 17 na Liga Portuguesa e 3 na Taça de Portugal, o Porto ganhou todos eles, o que traduz bem a supremacia nos confrontos contra os Gilistas. Dado o momento da época e sabendo que os níveis anímicos da equipa andam em baixo, era o chamado "adversário perfeito". Com se veio a perceber, foi um jogo fácil, com uma exibição séria o suficiente para somar os 3 pontos.

Foi uma entrada em jogo lenta, igual a tantas outras esta época. Muita troca de bola entre a defesa e meio campo mas pouca agressividade perto da baliza de Adriano. A primeira jogada de perigo surge no pénalti falhado por Quaresma - mais um - a castigar falta clara de Cadú sobre Jackson. O Porto chega ao golo na sequência desse mesmo falhanço, num grande cruzamento de Quaresma para o inevitável Jackson. As oportunidades de golo continuaram a aparecer, primeiro numa cabeçada de Herrera, depois num remate de Danilo que Adriano defende para canto. O Gil Vicente tentava responder sempre de bola parada com livres à entrada da área e num deles, o capitão João Vilela cabeceia perto do poste. Foi a única situação que o Gil criou perto da baliza de Hélton.

A 2ª parte não destoou dos primeiros 45 minutos, com a diferença que foi o Gil a criar a primeira situação de golo através de um forte remate de Jander de fora da área. As entradas de Rúben e Evandro para os lugares do amarelado Casemiro e Herrera tranquilizaram a equipa e permitiram fazer uma 2ª parte controlada e longe da nossa baliza. O Porto só matou o jogo 86 minutos por Jackson, mas teve boas oportunidades para o fazer antes, nomeadamente em bolas no ferro por Indi e Evandro. Apesar do jogo lento e sonolento, fizemos 2 golos, falhamos uma penálti e rematamos 2 vezes aos postes, lances suficientes para criar uma vitória mais tranquila e folgada contra um adversário que dada a sua situação na tabela classificativa, pouco fez para alterar o seu destino.



Jackson - O MVP da partida, mais uma vez. Bisou na partida e atingiu os 20 golos na Liga Portuguesa. Ao todo são 31 golos na época, número que iguala a época 12/13, a sua melhor desde que chegou à Invicta. Jackson marca muitos golos, e em muitas ocasiões fá-lo de forma quase poética. Ontem fez um belo golo de bicicleta. É um grande avançado, é um grande jogador e é um grande profissional e merece sair do Futebol Clube do Porto como o melhor marcador da Liga, facto que aconteceu nas 3 épocas que vestiu o manto sagrado.

Quaresma - Fez um jogo completo e sempre nivelado por cima. 2 assistências para Jackson em 2 excelentes cruzamentos. É o único extremo Portista com esta capacidade assassina de cruzar. Apesar de todos os problemas disciplinares que possa ou não ter criado, acaba a época em força.
Óliver - O menino voltou a fazer um grande jogo. Foi aquela formiguinha que tanto trabalha naquele meio campo portista. 
Lopetegui - O nosso Mister voltou a falar, e bem no meu entender, sobre o que tem sido este campeonato, foi directo e incisivo e continua a ser a única voz azul e branca a reclamar:

"O treinador do Benfica fala muito, fala de todos muitas vezes. Quando cheguei tinha respeito por todos e, logicamente, também por ele. Mas já o perdi, a partir do momento em que foi capaz de se contradizer e contar, de forma errada, o que eu tinha dito, depois de dizer que eram coisas de futebol. Fala de todas as equipas, como jogam. Mas é fácil falares quando estás debaixo de um manto protector. 

A realidade é que tem jogadores fantásticos, uma grande equipa, mas que, fora do seu manto protetor, não conseguiu passar a fase de grupos da Liga dos Campeões. Já disse que a sua equipa era a que jogava melhor... É verdade que perdemos um jogo e empatámos outro com eles, mas fomos superiores nos dois.

Fabiano é um rapaz espectacular, um grande profissional. Alguém tem a capacidade de inventar esta história? Cada dia é um filme novo em relação ao FC Porto. Mas continuaremos... continuaremos!

Ontem perguntava o meu filho qual era a diferença entre opinião e informação. Esta situação é fantástica para explicar isto, pois acontece com o pai dele. Opinião é o que muitas vezes fazem comigo. Às vezes de forma construtiva, outras vezes de forma manipulada. Mas é uma opinião. Informação é contar um acontecimento, que, quando não é certo, é invenção.
É um facto que é líder com mais três pontos, mas também é um facto que basta olhar para trás e encontrar situações suficientes para anular essa vantagem. Pode custar, mas é a realidade."




Penáltis - Mais um castigo máximo falhado e se a memória não me atraiçoa foi o 4/5 esta época.
Casemiro - Coloco-o aqui não porque ache que tenha feito uma má 1ª parte mas pelo amarelo que levou e que o deixa de fora do próximo jogo. O brasileiro tem 12 amarelos na Liga Portuguesa e talvez tenha visto 3/4 para compensar passes errados de colegas no centro do terreno. Ontem foi o Jackson que o queimou.



















segunda-feira, 4 de maio de 2015

Setúbal 0 vs FC Porto 2 - 03.05.215 - Liga Portuguesa












A vitória dos solteiros contra os casados.

Foi uma semana complicada de digerir fruto do afastamento das 2 últimas competições onde estávamos inseridos. Muita tinta correu e muito se falou de mística, raça, jogador à Porto, Lopetegui e seus erros, Quaresma e os beijos, final de jogo na Luz de sorrisos e abraços e por aí em diante. Foi tudo dissecado até ao último pormenor um pouco por toda a imprensa e pela nossa querida Bluegosfera. As opiniões foram óbviamente e naturalmente distintas sobre todos os temas mas a conclusão deve passar por 4/5 factores: 
- Foram cometidos erros por treinador e jogadores em jogos e fases da época determinantes que nos impossibilitaram de ter um maior sucesso nas 4 competições onde estávamos inseridos.
- Lopetegui continuará a ser treinador do Porto apesar de uma época a seco. É um homem com forte carácter e personalidade, que foi praticamente durante toda a época a única voz azul e branca. Como Portista, acredito que é o homem certo no lugar certo.
- O #colinho é uma realidade incontornável, difícil de digerir pelos adeptos rivais, mas tão óbvia que faz com que este campeonato seja já apelidado de o mais vergonhoso do século.
 - Com andor do lado rival e um treinador muito batido nestas andanças, e com 16 jogadores novos em idade e novos no nosso clube, estamos a apenas 3 pontos, o que indicia uma próxima época relativamente melhor do que esta.
 - O Futebol Clube do Porto tem obrigatóriamente de ganhar os 3 jogos que faltam.

Mas falemos do jogo de Setúbal, uma partida que a certa altura parecia um salutar convívio entre solteiros e casados. Começando pelo fim, gostava de destacar aquela recepção do Jackson no lance do 2º golo porque é daqueles momentos que valem por um jogo. Passe de Herrera bombeado e o colombiano cola a bola no pé como se de um bolo de casamento se tratasse. Ponto final no jogo e mais um golo de Jackson, o 18º na Liga Portuguesa e 29º em todas as competições em 39 jogos.

Surpresa parcial na convocatória, Quaresma foi convocado apesar de parte da nação azul e branca ter pedido a sua cabeça numa bandeja e Fabiano ficou estranhamente fora dos 18. O timing não foi o melhor para a mudança de guarda-redes mas depois do jogo de Braga para a Taça da Liga, facilmente se percebeu que Hélton deveria ser novamente o dono da baliza portista. Fabiano foi um dos sacrificados pela violação de Munique e receio pelo futuro do brasileiro. Em relação a Quaresma e ao já muito falado abraço e beijo em Jesus, Lopetegui teve uma opinião clara sobre o assunto - "Não faço qualquer interpretação. Só me interessa os abraços entre os meus jogadores, depois de fazerem acções brilhantes e serem felicitados pelos companheiros" - e fazendo jus às suas palavras convocou e deu a titularidade a Quaresma. Polémica aparentemente resolvida, digo eu.

O Porto entrou bem no jogo, foi para cima do Setúbal e não deu espaço aos sadinos para poderem assustar Hélton, que pouco trabalho teve na 1ª parte e foi praticamente mais um jogador de campo. Quaresma e Brahimi fugiram das alas, vinham para dentro e Ricardo e principalmente Alex Sandro eram autênticos extremos. Esta mudança táctica atrofiou completamente os sadinos, que andaram completamente perdidos nos primeiros 45 minutos. As ocasiões perto da baliza Setubalense foram lentamente surgindo e Brahimi marca o primeiro numa boa jogada de envolvência onde o Porto coloca 5/6  jogadores dentro da área. Logo de seguida Quaresma obriga Raeder a uma boa defesa depois de mais uma trivelada e por volta da meia hora faz um um slalom, mas ninguém consegue encostar depois do cruzamento do Alex.

A 2ª parte mostrou um Setúbal mais atrevido sem no entanto conseguir chegar com perigo à baliza portista e a entrada aos 66 minutos de Evandro apagou um pouco o fogo dos Sadinos que só aos 76 minutos de jogo conseguiram assustar Hélton numa jogada "à la Benfas". Muito pouco para quem precisava pontuar e fugir ao 16º lugar e a apenas 3 pontos acima da linha de água. Foi uma vitória justa do meu Porto, num jogo muito morno. 



Apesar de não ter sido um grande jogo, muitos jogadores destacaram-se pela positiva e talvez não esteja a ser justo na eleição do melhor em campo mas gostei muito do:
Casemiro - Para mim, o MVP da partida. Para ele não interessa se é o Canidelo ou o Bayern, a intensidade com que joga é sempre a mesma. Ricardo e Alex Sandro conseguiram jogar muito adiantados, em grande parte devido ao bom posicionamento e constantes dobras aos laterais feitas pelo brasileiro. Os centrais também usufruem desta combatividade do 6 portista no meio-campo porque é o primeiro tampão aos ataques adversários.
Hélton - Como já o disse acima, o substituição do guarda-redes peca pelo timing, embora todo o portista perceba que com Hélton em campo não temos de nos agarrar à cadeira ou ao sofá de cada vez que a bola surge na nossa área. Tudo o que faz é natural e isso acalma jogadores e adeptos.
Alex Sandro - Ontem parecia o Danilo canhoto e este é o melhor elogio que lhe posso fazer. Jogou praticamente todo o jogo como extremo e esteve em quase todas as melhores jogadas do ataque portista. Teve pouco trabalho a nível defensivo porque Zequinha e Advíncula nunca foram capazes de o incomodar.
Brahimi - Bem mais solto do que tem sido habitual e prova disso, foi que jogou mais tempo de frente para a baliza sadina do que para a nossa baliza. Marcou um golo pleno de oportunidade depois duma seca de mais de 2 meses. Foi mais prático e menos complicativo e só ganha com isso.
Ricardo - Hoje gostei do menino. Como tinha pouco trabalho na defesa, subiu no corredor e jogou em terrenos onde se dá bem melhor. Teve um remate perigoso ainda na 1ª parte e é dele o cruzamento para Brahimi. 
Jackson - A luta e espírito de sacrifício habituais em prol da equipa. Voltou a recuar no terreno para tabelar com os colegas e o primeiro golo começa nele. Faz o 2º depois de uma recepção de bola que revela toda a sua categoria.



Quase nada a declarar em termos negativos. Foi um jogo lento, sem grandes motivos de destaque e praticamente toda a equipa foi engolida por esse estado de espírito. Ainda assim consigo encontrar alguns pontos que não gostei:
Quaresma - Fez uma boa 1ª parte mas caiu muito depois do intervalo e foi naturalmente substituído depois de 2 cagadas. Voltou a sair amuado e aziado como se estivesse a ser o melhor jogador em campo.
Lesão grave -  A lesão de Marcano parece ser grave, é mais um contra-tempo dum jogador que se tem revelado uma excelente compra. 
Bolas paradas - O Lance de maior perigo surge num lance idêntico ao golo sofrido no Dragão contra o Benfas. Voltamos a ser comidos numa jogada onde já devíamos estar calejados.