Pragmático QB

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domingo, 29 de novembro de 2015

Tondela 0 vs FC Porto 1 - 28.11.2015 - Liga Portuguesa

O que o Maicon deu, Iker tirou.

No Municipal de Aveiro, disputou-se ontem o 1º jogo entre Tondela e Futebol Clube do Porto a contar para todas as competições nacionais. O jogo entre Tondela e Sporting poderia ter servido de aviso para o que aí vinha, depois do golo da vitória leonina ter chegado apenas aos 98 minutos num lance muito polémico, como tantos outros onde os lagartos têm sido protagonistas. Num jogo de ressaca europeia, e onde o termo "ressaca" faz como poucas vezes, tanto sentido, o Porto teve uma vitória conseguida através de um crime do Brahimi, num jogo fraco e sonolento. Manuel Mota, como é seu apanágio, deu nas vistas como tão bem o sabe fazer.

Depois de na passada 4ª feira termos assistido a um dos piores jogos do reinado do Julen, com efeitos praticamente irreversíveis no que diz respeito à continuação na Champions League, ninguém poderia estar à espera de um jogo brilhante. Brilhante seria difícil, mas qualquer jogo entre uma vitória competente e séria e não cinzenta, medíocre e desinteressante, seria no mínimo exigível. Fazendo uma analogia, quando um dia sais de casa e és abordado por meia dúzia de bandidos que sem pedir licença e sem qualquer tipo de explicação, te dão uma mocada e te deixam estendido no passeio, 3/4 dias de cama não chegam para recuperares. Como não podes ficar em casa para sempre, és obrigado a sair, mas mal pões um pé fora da porta do prédio, o teu subconsciente obriga-te a dar uma vista de olhos para ver se não está ninguém à tua espera outra vez. Ora bem, Porto levou no corpo dos bandidos ucranianos, ficou deitado no tapete do Dragão, teve pouco tempo de cama porque o calendário não perdoa, e saiu de casa para a viagem a Aveiro com algum receio e muitas cautelas.

Para o jogo do Tondela, Imbula e Corona ficaram na Invicta, em ambos os casos por decisão de Lopetegui e não por um qualquer problema físico. Com se costuma dizer, "rolaram cabeças". Foram duas mas poderiam ter sido mais, depois da medonha exibição de praticamente toda a equipa no jogo contra o Dinamo. Bueno, depois do bom jogo na taça entrou para onze, para formar o trio de meio campo. Danilo era médio mais recuado e Herrera tentava fazer a ligação entre o espanhol e o português. Uma das criticas feitas a Lopetegui no jogo da Champions, foi a não colocação de André numa das alas a servir de 4º médio, desta vez o colosso Tondela mereceu especial atenção do nosso Mister, que fez alinhar o modelo de jogo que tão bons resultados tinha dado na Europa. O jogo foi lento desde que o Mota deu o mote inicial e só à passagem do minuto 15 é que se viu a primeira jogada de perigo, num atrapalhação entre Herrera e Brahimi, que se anulam mutuamente, não aproveitando o bom cruzamento rasteiro de Maxi. O conforto do meu sofá e o sono ameaçavam atacar, quando Brahimi recebe a bola de Bueno, faz um rodriguinho, mete a bola para o canhoto e disfere um remate em arco, que embora me tenha dado a ideia que ia para a bancada, entrou onde a aranha passa a noite. Golo descomunal, pouco ou nada festejado pelo argelino. Até ao intervalo, o Porto teve 2 boas oportunidades para ampliar a vantagem, 1º por André que vê o remate interceptado depois de comer um defesa, e em cima do intervalo, um tiki-taka portista acaba com um remate de Coolbakar perto do poste. A 2º parte foi mais do mesmo, jogo lento, cinzento e com poucos motivos de interesse. O nosso Mister percebeu isso e mexeu na equipa mas para quem vê a olho nu, foram substituições manhosas e sem aparente lógica que confundiram adeptos e acredito que jogadores também. O Tondela conseguiu assustar Casillas, num contra-ataque rapidíssimo conduzido e concluído por Romário Baldé mas o golpe de teatro estava guardado para o minuto 84, quando Maicon ainda a frio faz penálti. Felizmente o Salva Chamorro borrou-se de medo e permitiu a defesa a Casillas. Entre o que restava do tempo regulamentar e descontos, foram jogados quase 10 minutos sem motivos de interesse. O Porto acabou o jogo com 71% de posse de bola e 12 remates, 4 deles à baliza.


Brahimi - O MVP da partida. Rolaram cabeças nesta convocatória deste jogo mas felizmente a do Yacine não foi uma delas. Fez uma boa primeira parte, culminada com um golo de antologia. Não festejou possivelmente porque tem noção de jogo medonho que fez contra o Dinamo. Continua a ser incompatível com Layún mas desde que pegue na bola e a meta sempre no saco, para mim está tudo bem.
André - Este nunca joga mal, e quem nunca joga mal, tem de jogar sempre. Não fosse o golão do Brahimi e seria sem espinhas o melhor jogador em campo. Fez mais um jogo de luta, intensidade, e esteve perto do golo ainda na 1ª parte. É como tenho dito, é André e mais 10.
Casillas - O ponto alto do Iker desde que chegou à Invicta. Já foi mal batido, já fez boas defesas mas esta deu pontos. Depois daquela coderniz no jogo da Champions, o que melhor poderia acontecer a Casillas do que defender um penálti decisivo?


Herrera - Em primeiro tenho que dizer que sou fã do Hector, sempre fui. Em segundo tenho que dizer que o Hector até a mim já me consegue enervar. Jogou a 2 velocidades, parado e devagar, tão devagar que eu tinha tempo de ir à casa de banho obrar, chegar e ainda o mexicano estava no mesmo sitio. Não me parece que o ex-Pachuca faça mais alguma época no Dragão.
Aboubakar - O nosso menino ainda não regressou dos jogos ao serviço da sua selecção. A bola não chega lá, e ele praticamente não rematou nestes 2 ultimos jogos. Tenho saudades daquele sorriso maroto.
Oportunidades - Imbula não tem jogado puto, Evandro é jeitoso mas não é a ultima bolacha do pacote, Hererra não quer nada com aquilo e Bueno é um híbrido, sobra Sérgio Oliveira que, perante este cenário, já deveria ter tido muitas mais oportunidades a jogar.
Matar o jogo - E marcar o 2º golo a tempo e horas para evitar merda como aconteceu no final do jogo, não?




sábado, 28 de novembro de 2015

FC Porto 0 vs Dinamo Kiev 2 - 24.11.2016 - Liga dos Campeões

A derrota à distância de um empate.

Do céu ao inferno em 90 minutos, este poderia ser o resumo do jogo de ontem no Dragão. Um jogo que tinha tudo ou quase tudo para ser a celebração da passagem (mais uma) para os oitavos-de-final da Champions com um aparente e teóricamente acessível empate, tornou-se numa das maiores desilusões da época, com uma derrota justa. Foi seguramente um dos piores jogos da época, senão o pior, e vozes e dedos incriminadores voltam a apontar para o nosso Mister. Tudo e mais alguma coisa se tem dito e escrito acerca do jogo de ontem e é nestas alturas que facilmente percebemos que no futebol, o treinador e equipa passam por diferentes análises e criticas a uma velocidade superior à do Bolt. Ontem perdemos bem, o treinador óbviamente que tem parte da culpa, mas depois de assistirmos a um jogo onde metade da equipa foi miserável, estar a apontar o foco incriminador para Lopetegui, parece-me intelectualmente desonesto.

Há uma expressão que aprecio bastante que basicamente diz que "se fizermos o totobola no final dos jogos, acertamos nos resultados todos". Eu não tenho acesso privilegiado à equipa, nem a tudo o que vai para além do que leio nos jornais e do que vejo no conforto do meu sofá durante os 90 minutos de cada jogo, por isso não sei se o Maxi saiu ao intervalo por questões físicas, nem se o André começou no banco por essas mesmas razões, nem se o Lopetegui tinha a pressão da direcção para ganhar o jogo e não empatar, por questões óbviamente financeiras. Não sei nada disso, o que sei é que o Porto se apresentou ontem no seu habitual 4-3-3, com 2 extremos abertos nas alas, com um trinco, com 2 médios centro e os 4 habituais defesas, isso eu sei e também sei que este é o esquema habitual do Porto. Sei também que na época passada quando ganhamos ao Bayern em casa jogamos em 4-3-3, com 2 extremos nas alas, exactamente como jogamos ontem. Isto tudo para dizer que não é porque em alguns jogos Lopetegui reforçou o meio campo com 4 elementos, que terá de o fazer sempre em todos os jogos da Champions. André tem sido o jogador fetiche de Lopetegui, Maxi foi contratado para substituir Danilo e a sua titularidade tem sido intocável e inquestionável, com estes dados será honesto dizer que o português ficou no banco e Maxi saiu ao intervalo por uma simples opção táctica do treinador? Não sei.

Partindo do principio de que todos os jogadores estavam aptos fisicamente, e depois das indicações dadas no jogo da Taça com o Angrense, há para mim uma surpresa no onze inicial que Lopetegui escolheu para o jogo com o Dinamo, que é o André no banco, não para fazer de extremo mas para ser um dos 3 do meio-campo. O Porto entrou nem no jogo e foi Danilo o primeiro a abrir os embrulhos com um remate logo aos 3 minutos, depois de excelente recuperação de bola. A equipa dominava territorialmente mas só conseguia ameaçar a baliza de Shovkovskiy através de remates de fora-da-área, primeiro por Brahimi e depois por Imbula. O minuto 20 marcou a fronteira entre um jogo perfeitamente controlado e uma completamente e constantemente perdida em campo. O Dinamo tomou conta do jogo, Yarmolenko passeava a sua classe na invicta e as oportunidades para os ucranianos foram surgindo, primeiro numa cabeçada ao poste seguida de recarga que passou pertíssimo do poste direito de Casillas e depois num lance que o Carballo decidiu marcar penálti mas que me pareceu demasiado forçado. O que se conseguiu fazer até ao intervalo, estancar o sangue, fazer o curativo e impedir que a ferida agravasse. Maxi sai ao intervalo numa decisão polémica de Lopetegui, Danilo desce para central, Indi vai para a esquerda e Layún passa para a direita. Uma decisão um pouco radical mas que significava que Lopetegui queria ganhar o jogo a todo custo. O Porto volta a entrar bem no jogo, o André reclamou um penálti aos 53 minutos num lance que para mim é tão merecedor de falta como o outro assinalado pelo Carballo na primeira parte. A equipa estava forte mas como o futebol não é uma ciência exacta, assim como para caminhares tens de gatinhar primeiro, o Porto não só não conseguiu empatar o jogo, como acabou por levar o segundo soco no queixo que o levou completamente ao tapete. Aos 67 minutos Lopetegui põe a carne toda no assador com as entradas de Osvaldo e Corona para os lugares de Imbula e Brahimi mas mas como se  viu a carne ficou crua e mal saborosa. 2 bolas aos ferros em 2 lances de muito coração e pouca cabeça, foram disfarçando e adiando o inevitável e penoso final de jogo de uma equipa completamente destroçada.

As contas finais deste grupo são fáceis de fazer, ou seja, o Porto não pode fazer pior do que fará o Dinamo em casa com o Maccabi para passar à próxima fase. As portas da Liga Europa estão abertas e o papelinho com o nome FC Porto já está dentro da bola que fará parte do sorteio, por isso cabe à equipa e treinador jogar de forma completamente diferente e ir a Stanford Bridge fazer um jogo épico.


André - O MVP da partida. Os meus pontos positivos começam e acabam no médio português. A sua entrada mexeu positivamente com a equipa, embora sem resultados práticos. Começou no banco por problemas físicos, ou simplesmente porque Lopetegui achou que o nosso melhor jogador até à data não merecia a titularidade. Esteve nos únicos 3 lances perigosos da equipa, no penalti não assinalado e nas 2 bolas nos ferros, o que diz bem da importância da sua entrada em campo.


Não consegues individualizar quando tens mais de metade da equipa a jogar de forma sofrível. Casillas, Layún, Rúben, Brahimi, Tello e Aboubakar jogaram mas não jogaram e Osvaldo e Corona entraram mas não entraram. Lopetegui pode e deve ser culpado pela equipa não ter jogado puto mas não deveria ser culpado por mais de metade dos jogadores terem jogado tão abaixo do que são capazes.




segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Angrense 0 vs FC Porto 2 - 21.11.2015 - Taça de Portugal

Um jogo Bueno e sério.

Jogo de Taça é jogo de Taça, é especial e pode ser trágico para os ditos grandes, quando não se tomam as devidas precauções. A saída precoce da Taça na época passada aos pés do Sporting também obriga a encarar esta competição com toda a seriedade que ela merece. O nosso Mister deixou alguns elementos fulcrais de fora, como é o caso do André, Brahimi, Layún e Maxi, sem no entanto alterar aquilo que é a matriz base da nossa equipa. Marcano e Imbula foram os 2 únicos jogadores chamados ao onze titular, daquela que pode ser considerada a equipa base. O Angrense, clube que joga no chamado Campeonato de Portugal, 3º escalão do futebol nacional, foi combativo, deu uma boa resposta, mas tudo esprimidinho não resultou em mais de um par de "calafrios" na baliza de Hélton.

É vulgar o uso da expressão - "o adversário é de um escalão inferior mas merece a nossa atenção e respeito" - pela quase generalidade dos treinadores mas a verdade é que o Porto respeitou mesmo o Angrense e foi sério desde o inicio de jogo. Uma entrada forte e determinada permitiu chegar ao golo logo aos 13 minutos, num lance em que o falso extremo Bueno aproveita da melhor forma um excelente cruzamento (talvez a sua arma mais forte) de Angél. Porto em vantagem no marcador sem grande esforço, o que indiciava um resto de jogo tranquilo. O Angrense, equipa que nunca se limitou a defender, causou o primeiro "susto" na baliza portista aos 22 minutos, num remate forte de fora da área, depois de Varela ter escorregado na casca de banana. A partida foi sendo jogada a um ritmo baixo mas sempre controlada pelo Porto, até que o Osvaldo vê Bueno na área, coloca-lhe a redondinha com conta, peso e medida, e o espanhol depois de a acariciar no peito, remata à baliza com todo o swag do mundo. 0-2 era um resultado que tranquilizava por completo a equipa mas que não matava definitivamente os açorianos porque ainda antes do intervalo, Vitor Garcia é literalmente comido e o Angrense obriga Hélton a sujar os calções. 80% de posse de bola ao intervalo transmitiam o que foi o jogo nos primeiros 45 minutos. O Porto volta a entrar forte no jogo e queria rapidamente perigo, primeiro por Varela, que permite a defesa de David num remate já dentro da pequena área, e por Osvaldo que cabeceia ao lado, num lance que tinha tudo para ser golo. O jogo a partir deste momento foi-se arrastando até final, tendo como único momento de frisson, o golo do Angrense anulado e bem por mão na bola, para infelicidade de toda a ilha dos Açores.


Bueno - O MVP da partida. Estes jogos em que o Mister dá oportunidade aos menos utilizados serve para tu aproveitares ou não a oportunidade. O espanhol, tal como tinha feito no anterior jogo da Taça, deixou excelentes indicações naquela posição híbrida entre a faixa e o meio. Marcou 2 belos golos, o 1º antecipando-se ao guarda-redes açoriano e o 2º rematando em jeito depois de matar a bola no peito. Joga e faz o que Adrián nunca conseguiu fazer a época passada.
Imbula - O francês quando joga a trinco, parece o dono da bola. Jogou de forma autoritária, não deu qualquer hipótese às raras tentativas de contra-ataque do Angrense e ainda saiu a jogar um par de vezes com a bola controlada como tanto gosta.
Sérgio Oliveira -  Foi a sua estreia a jogar esta época e não se pode dizer que tenha feito um jogo brilhante mas também ninguém poderá dizer que não merecia mais oportunidades e mais minutos que jogadores como o Herrera ou o Evandro. Quis sempre a bola, não se escondeu e mostrou ao Lopetegui que um meio campo totalmente português formado por o Rúben, André e Sérgio, é uma possibilidade a ter em conta num futuro não muito distante.


Varela - Há jogadores como o Bueno e Sérgio que aproveitam as poucas oportunidades que têm e depois há o Varela. Completamente desligado do jogo.



terça-feira, 10 de novembro de 2015

FC Porto 2 vs Vitória de Setúbal 0 - 08.11.2015 - Liga Portuguesa

Bola mole em baliza dura, tanto bate até que entra.

Porto - Setúbal, um clássico do futebol português que conta já com 68 partidas jogadas no Reino do Dragão. O Porto conta com 58 vitórias, 6 empates e 4 derrotas, com uma taxa de sucesso de 85%, o que diz bem da supremacia quase absoluta do maior do mundo sobre os sadinos. Como curiosidade, o resultado de 2-0 a favor do Porto, aconteceu nos últimos 9 encontros. Apesar do golo ter tardado, foi um jogo de sentido único, o Setúbal foi organizado mas nunca foi capaz de criar real perigo na baliza de Casillas. 21-6 em remates (7-0 na direcção da baliza), 11-4 em cantos e 73-27% na posse de bola são dados estatísticos que não deixam duvidas, foi uma vitória justa e inequívoca do Porto. Mais uma vez e como é hábito, um jogo pós-Champions foi o que se esperava dele, muito complicado.

Em relação ao jogo de Tel Aviv, o Porto fez uma única alteração com a entrada de Brahimi para o lugar do André, uma alteração que permitia à equipa voltar ao tradicional 4-3-3 com 2 extremos clássicos e bem abertos nas alas e também dar algum descanso ao omnipresente médio português. O Porto entrou bem no jogo, autoritário com a sua habitual troca de bola, desgastando um Setúbal que desde inicio se preocupou em manter a sua boa organização defensiva. O nosso Coolbakar foi quem abriu as hostilidades num lance em que choca com Raeder. Suk, o elemento mais perigoso dos sadinos e que esta época já foi capaz de crimes como este, respondeu numa boa tolada que passa perto do poste de Casillas. O Porto mantinha o controle do jogo mas o futebol emperrava um pouco nas alas, Lopetegui percebeu isso e manda trocar os extremos de flanco, colocando-os onde eles se sentem melhor, Brahimi na esquerda e Tello na direita. Uma mudança que teve efeitos imediatos porque logo de seguida, Brahimi pega na bola, vai para o meio e assiste Tello que remata ligeiramente por cima. Os Sadinos a partir dos 20/25 minutos começam a ficar tontos e a dar espaços e as oportunidades de golo começam a surgir quase sempre pelo mesmo personagem, Coolbakar. Tentou primeiro de cabeça num lance estudado de bola parada, tentou minutos depois num remate que sai à figura de Raeder depois de passe de Maxi e voltou a tentar num remate ao lado depois de jogada individual. Coolbakar era quem mais rematava e consequentemente, quem mais falhava. O intervalo aproximava-se rapidamente e a equipa do Porto exigia a si mesma, a marcação de pelo menos um golo nos primeiros 45 minutos. Foram 5/10 minutos onde se tentou de tudo, Tello tentou mas Raeder defendeu com os pés, Marcano tentou de cabeça depois de belo passe de Rúben Pirlo mas a bola saiu a cheirar o poste e Layún foi o último a tentar num grande remate de fora da área. Toda a gente tentava mas ninguém conseguia e o síndrome bracarense começou a pairar no Dragão. André entrava ao intervalo para o lugar do amarelado Rúben Pirlo e a equipa começa fortíssima a 2ª parte mas não conseguia chegar à área sadina com perigo. Lopetegui deixa passar os primeiros quinze minutos e mexe no jogo, mandando Osvaldo para a confusão. Temia-se a saída de Coolbakar, primeiro porque o camaronês estava pouco assertivo e depois porque todos sabemos que o nosso Mister é pouco dado a substituições de rotura, mas a opção foi Evandro, um jogador amarelado e que não tinha tido grande influência no ataque azul e branco. Quase toda a carne era metida no assador, a pressão aumentava sobre a equipa do Sado, o futebol do Porto era intenso e asfixiante mas a bola não entrava, o Dragão desesperava, Lopetegui suava, a equipa demonstrava alguns sinais de ansiedade e eu soltava uns valentes "foda-se", baixinhos para a minha filha não ouvir. Layún olha para o relógio, vê que faltam 20 minutos para o jogo acabar e pergunta a Coolbakar como é que se sente, o camaronês através de um olhar furtivo responde afirmativamente e o mexicano cruza de pé direito com conta, peso, medida e temperatura para a tolinha do 9 portista acariciá-la lá para dentro. Os 32000 mil portistas, mais os 27 milhões que estavam a ver na televisão perderam certamente 10 quilos nesta altura. A sociedade Miguel/Vincent S.A. voltou a funcionar em pleno. A partir daqui e como era expectável, o Porto mudou a sua forma de jogar, Brahimi saía logo de seguida, Imbula entrava e o 4-3-3 era novamente reposto com a ida de Coolbakar para a esquerda e o ritmo de jogo portista abrandava bastante. A excepção foi quando Imbula quis ser Imbula, pegou na bola, comeu metros com a redondinha controlada, endossa para Maxi fazer um cruzamento rasteiro para Layún festejar novamente pelo 2º jogo consecutivo. Até ao apito final, muita troca de bola, o Setúbal aceitou a derrota e toda a gente foi feliz para casa.


Layún - O MVP da partida. O mexicano caiu no goto da nação portista. É a vantagem de chegar à Invicta quase como um desconhecido, as expectativas são tão baixas que é muito fácil agradar aos adeptos e o Miguel tem feito tudo para agradar. É um jogador com um pulmão do tamanho do México, que defende bem mas ataca muito melhor. Voltou a cruzar com sucesso para Aboubakar marcar e teve sempre a capacidade para se chegar à área contrária com perigo, como é exemplo o seu belo golo. Perde fulgor sempre que joga com Brahimi à sua frente porque o argelino é um pouco avesso a parcerias com o lateral mas sempre que lhe é permitido faz mossa na equipa adversária.
Aboubakar - Vincent, Vincent, Vincent, haverá gajo mais fixe/cool/bacano que tu? Provavelmente não. Este gajo é daqueles que até quando falha 14 golos por partida, não consegue despoletar um sentimento negativo, um qualquer insulto aqui da minha pessoa. No passado domingo e tal como em Tel Aviv, falhou, falhou, falhou muito mas marcou e quase chorou. Não festejou, deixou que os colegas de equipa e toda a nação portista festejasse por ele um golo muito perseguido nas últimas semanas.
Tello - A época é feita de momentos e picos de forma, Lopetegui sabe disso melhor que ninguém e tem usado isso muito bem em prol da equipa em relação aos 4 extremos do Porto. Varela teve o seu momento no inicio da época, Corona teve uma entrada meteórica na equipa mas perdeu gás, Brahimi é um jogador inconstante também fruto de algumas lesões e neste momento Tello é o extremo titular. Fez um grande jogo contra o Maccabi e no passado domingo voltou a desequilibrar. Este ano, ou melhor, nestes ultimos jogos, mostrou uma faceta defensiva que andava adormecida no seu jogo.
Lopetegui - Ao contrário do que se tem dito e escrito, o Julen é um treinador inteligente e que está em constante aprendizagem. No jogo contra ao Braga em tudo semelhante a este, e por volta dos mesmos 60 minutos faz entrar Bueno para o lugar de Imbula, uma substituição de tracção à frente mas que como se veio a provar não provocaria a rotura necessária na defesa minhota. Contra o Setúbal e talvez com algum receio de cometer o mesmo erro, faz entrar Osvaldo para o lugar de Evandro, uma substituição ambiciosa, que veio a resultar em pleno, não porque Osvaldo marcou mas porque criou desequilíbrios e brechas na defesa sadina que nos permitiram chegar aos golos. Nota 10 para ti Julen.
Plano B - "Plano B & Lopetegui - Compreendo o Mister em grande parte das suas decisões e aceito que queira impôr as suas ideias e filosofia de jogo até ao final de cada partida no matter what mas por vezes gostava de o ver a ele e à equipa despir o fato e a gravata e vestir uma roupa velha e usada para fazer o trabalho. Gosto de ver a equipa manter um estilo de jogo romântico mas gostava de quando em vez de assistir a um concerto de rock, com barulho, confusão e moxe. Isto tudo para dizer, que usar um plano B, um chuveirinho, algo diferente de vez em quando, era bem vindo nem que o resultado do jogo acabasse exactamente da mesma forma."
Escrevi isto no final do jogo contra Braga. Lopetegui, como é seu hábito, leu a minha sugestão e fez algo diferente na equipa. O chuveirinho não aconteceu, mas metemos em campo 2 elementos para tocar rock. Como se percebe nos 2 golos mas principalmente no primeiro, é fácil constatar que Brahimi atrai a atenção de 3 defesas, um deles o central Venâncio, Osvaldo arrasta o outro central Rúben Semedo com ele, o defesa esquerdo Nuno Pinto fica na marcação a Maxi que também aparece na área e Coolbakar aparece isolado e esquecido para cabecear com sucesso. Esta imagem traduz isto tudo:








Brahimi - Vinha de lesão muscular e a verdade é que nunca conseguiu criar uma jogada que desmembrasse a defesa sadina. Foi em muitos momentos aquele Brahimi que complica mais do que contribui para o futebol fluido da equipa. Continua a ter aversão a trocas de bola com Layún, algo que devia rever e para isso aconselho o visionamento de vídeos do Varela de à uns anos atrás.
Eficácia -  ... ou falta dela. Não nos podemos dar ao luxo de fazer mais de 20 remates, ter mais de 70% de posse de bola e passar por tantos trabalhos para marcar golos. Correu mal contra o Braga, quase que corria mal com o Setúbal e poderá voltar a acontecer em jogos realmente decisivos na restante época. Pede-se eficácia urgentemente.




sábado, 7 de novembro de 2015

Maccabi Tel Aviv 1 vs FC Porto 3 - 04.11.2015 - Liga dos Campeões

É fácil, (é barato) e dá milhões.

Este era o famoso slogan do Totoloto, jogo criado pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa em 1985 e que fez no passado mês de Março, 30 anos. Retirei-o do baú das memórias porque me parece que se pode usar para rotular em parte o que foi o nosso 4º jogo na maior prova europeia de clubes, versão 2015/2016. O Porto somou a 3ª vitória na Champions, num jogo extremamente bem conseguido a todos os níveis, óbviamente não tão fácil nem barato como o titulo desta posta, mas com elevados graus de competência. Faltam 2 jogos, temos 10 pontos, estamos em 1º no grupo, e podemos já selar a passagem aos oitavos-de-final se no mínimo, empatarmos com o Dinamo de Kiev no próximo dia 24 no Dragão. Estão portanto abertas as portas para mais uma fase de grupos jogada praticamente sem mácula.

Lopetegui fez o se vinha a falar a algumas semanas, tirou Imbula do onze inicial, ou seja, provou mais uma vez que estatutos e valores de passes não existem na hora de escolher a equipa que entra em campo para cada jogo. Sem o francês, a equipa foi a esperada e o André, como é hábito em jogos de Champions, jogou numa das alas. O jogo começou dividido e foi Ben Haim o primeiro a molhar a sopa logo no primeiro minuto, num lance aparentemente controlado por Casillas. Diga-se que o extremo israelita foi de muito longe, o melhor jogador do Maccabi nos 2 jogos contra o Porto. O Porto responde por Coolbakar, que não pede licença a ninguém e fuzila de fora da área e por Láyun que obriga Rajković a defender para a frente de Coolbakar que recarga por cima da barra. Ben Haim logo de seguida obriga Casillas a defender para canto e na sequência desse lance, cabeceia pertíssimo do poste esquerdo do espanhol. O jogo estava vivo, dividido, com remates do Porto e sempre de Ben Haim mas é o maior do mundo que acaba por marcar por Tello, num lance em que parece dominar mal a redondinha mas compensa com a sua velocidade e classe. Estava feito o mais difícil e o Porto a partir daqui jogou de forma mais cautelosa, só partindo para o ataque pela certa, evitando assim contra-ataques israelitas. O jogo estava perfeitamente controlado, o Porto tinha o poder de definir as jogadas como bem queria até que Danilo vê Tello meter o nitro, respeita a arrancada do espanhol que assiste Coolbakar fazer o mais difícil e falhar um golo cantado. O intervalo chega com a sensação que poderíamos e deveríamos ter matado o jogo na primeira parte. Uma entrada forte nos segundos 45 minutos, permitiu-nos chegar rapidamente ao 2º golo, num lance em que Danilo come metros com grande facilidade, assiste Maxi que caga uma bicha na defesa amarela e cruza com classe para André encostar de cabeça. O Casillas que devia estar aborrecido por não ter trabalho, tem uma paragem cerebral repondo mal a bola num pontapé de baliza mas compensando logo de seguida com uma boa defesa. Foi um lance que acordou o moribundo Maccabi que volta a rematar com perigo por 2 ocasiões, respondendo Casillas sempre com autoridade. O Porto acaba por chegar ao mais que merecido 3º golo, num lance em que Tello faz uma diagonal a partir da direita, assistindo Láyun que com um toque de classe faz Ben Haim perder as lentes de contacto e dispara colocado para dentro da baliza. 3 bons golos, fruto de um jogo que não sendo deslumbrante com jogada de forma competente. O árbitro grego, com medo de ter falta de assunto no regresso a casa, inventa um pénalti ridículo para não lhe chamar pornográfico e Zahavi não perdoa colocando o marcador em 1-3. Até ao final do jogo, o nosso Coolbakar esteve perto do golo, num remate que a bola quase entrava onde a aranha passa a noite mas estava escrito que esta não era a noite do nosso camaronês preferido. Vitória justíssima por números que poderiam ter sido outros caso os nossos jogadores estivessem com a mira mais calibrada.


Tello - O MVP da partida. Dificil escolher entre o espanhol e o André porque para além da importante influência de ambos na partida, conseguiram um golo e uma assistência cada um. Tello teve o espaço para galgar que raramente tem em grande parte dos jogos e aproveitou muito bem cada solicitação que teve. Poderia ter somado mais uma assistência caso o Coolbakar não se tivesse armado em Torres.
André - Grande jogo, como é seu hábito. Um médio completo, que faz o que é preciso a defender, a atacar, no meio ou na ala. Um Moutinho com muito mais golo nos pés, um portista, uma força da natureza em campo. O jogador fetiche de Lopetegui e da massa associativa do nosso Porto, pelo que representa para o clube e pelo que faz em campo.
Layún -  Não me levem a mal mas não conhecia este menino e estou agradavelmente surpreendido mas as suas constantes boas prestações em campo. A par de Marcano, um autêntico achado perdido no fundo da tabela da Premier League. Melhor a atacar do que defender, é essa a ideia que fiquei desde que o comecei a ver jogar mas não me parece que seja um handicap, principalmente porque o Porto joga no meio campo adversário em 80/90% dos jogos que faz durante a época.
Aboubakar - Last but not leas, uma menção honrosa para o meu menino. Seria fácil dar-lhe nota negativa por ter falhado na finalização mas seria desonesto depois de tudo o que o camaronês fez em campo. Sempre activo, sempre a dar uma linha de passe, sempre interventivo, sempre a ser o primeiro jogador a defender. Tal como Osvaldo contra o Varzim, não foi feliz mas melhores dias virão, não é Coolbakar?


Nada de especial e negativo a assinalar, foi um jogo competente, onde todos os jogadores estiveram a um bom nível.