Pragmático QB

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domingo, 20 de dezembro de 2015

Feirense 0 vs FC Porto 1 - 16.12.2015 - Taça de Portugal

Grão a grão, enche o Porto a Taça.

Mais um jogo, mais uma vitória magra sobre um adversário de escalões inferiores, mais uma eliminatória ultrapassada com dificuldades mas de forma justa. Foi o 13º jogo entre as 2 equipas e a 11ª vitória, sobrando 2 empates, um deles na penúltima viagem a Santa Maria da Feira em Setembro de 2011. Depois de Varzim e Angrense, o Feirense era o rival mais forte que iríamos encontrar na Taça, por isso o jogo foi encarado de uma forma moderadamente séria, num jogo com poucas situações de golo, na sua maioria conseguidas pelo Porto. Não foi um jogo brilhante nem teria de o ser, foi o jogo possível.

O Porto entrou a pressionar alto desde o primeiro minuto, atitude imediatamente imitada pelo Feirense. O Porto acaba por chegar ao golo na primeira situação de real perigo, num canto bem marcado por Sérgio Oliveira e melhor finalizado por Happybakar. O maior destaque neste lance para além de mais um golo de canto, foi o facto do camaronês ter voltado a sorrir mais de um mês depois. Tello também quis sorrir e brilhou em 2 momentos quase seguidos, primeiro num lance que domina bem a bola depois de passe longo do Sérgio mas esquece-se da mesma quando arranca em direcção à linha de fundo e o segundo momento de brilho num passe completamente suicida a queimar a nossa defesa. Passava o primeiro quarto de hora e Indi e Angel adormecem depois de um alivio do redes feirense, felizmente sem prejuízo para a equipa. Bueno como se percebeu desde muito cedo, jogava quase sempre no meio, obrigando Angél a fazer o corredor todo e nesse aspecto o defesa espanhol aproveitou a deixar e fez inúmeras subidas culminadas quase sempre com venenosos cruzamentos. O Feirense criou a sua primeira e única situação de golo, num livre directo muito bem marcado por Barge, a que Hélton responde de forma segura. A primeira parte chegava ao fim com 2 certezas, o Porto merecia estar em vantagem e Tello tinha sido uma perfeita e completa nulidade. A 2ª parte começava ao nível da 1ª, percebemos isso aos 55 minutos, depois de um espectacular cruzamento de Tello para a Junta de Freguesia de São João da Madeira. O Porto só volta a criar perigo por volta dos 60 minutos, num lance em que Bueno remata perto do poste de Makaridze. Aos 64 minutos Corona entra para o lugar de Tello e finalmente ficamos a jogar 11 contra 11. Happybakar tem a oportunidade de acabar com o jogo aos 71 minutos, depois de jogada de insistência de Evandro mas infelizmente remata à figura do redes e na marcação do canto, Bueno volta a rematar fraco, permitindo uma defesa fácil a Makaridze. A entrada do Rúben Pirlo estabilizou completamente a equipa que mesmo assim passou por um enorme susto depois de uma brincadeira de Maicon, permitindo ao Feirense um contra-ataque que só não foi mortífero porque Hélton fez uma defesa difícil mas tranquila. Corona foi o ultimo a criar perigo numa jogada que contorna bem o redes mas permite o permite o corte de um defesa feirense.


Aboubakar - O MVP da partida. Finalmente o sorriso do meu menino voltou a aparecer. 2 oportunidades de golo, só uma aproveitada, não está. Espero que tenha sido o arranque para um final de época cheio de sorrisos e golos.
Hélton - Pouco trabalho mas 2 boas defesas, a 2ª das quais a evitar o possível empate. Demonstrou aquela habitual serenidade que tranquiliza equipa e adeptos. Foi, é e será a minha 1ª opção para a baliza.
Bolas paradas - Novo golo de canto, depois de Marcano na Madeira foi a vez de Aboubakar marcar na sequência de um lance de bola parada, uns das pechas do futebol de Lopetegui na época passada.


Tello - O espanhol foi um 0 nos 64 minutos que esteve em campo. Não cruzou, não driblou, não assistiu, nada.
Vantagem mínima - Não marcar e matar os jogos a tempo e horas faz com que acabemos os jogos agarrados à cadeira ou sofá. Tondela, Paços Ferreira, Nacional e Feirense, tudo jogos que deveriam ter sido ganhos com mais à vontade.



terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Nacional 1 vs FC Porto 2 - 13.12.2015 - Liga Portuguesa

Uma vitória enevoada.

Como é mais que sabido a Ilha da Madeira não nos traz boas recordações, Barreiros e Choupana têm-se revelado verdadeiros pesadelos. O Porto não ganhava ao Nacional há 2 épocas, conseguindo um empate e uma derrota nessas ultimas 2 viagens, somando a este histórico, uma eliminação algo dramática da Liga dos Campeões, estavam reunidos os ingredientes para um jogo nervoso e enervante. O nevoeiro não quis ficar fora desta complicada equação e também deu um ar da sua graça, obrigando a partida a ser jogada em 2 dias. O Porto ganhou, num jogo em que as 3 equipas foram protagonistas.

O Porto tinha tudo para entrar nervoso em campo e confirmou essas mesmas suspeitas, muitos passes falhados e muitas perdas de bola e nada melhor que um golo aos 6 minutos para tranquilizar a equipa. Marcano marcou sem que o Porto tivesse feito muito por isso, e quando se pensou que o golo serviria para a equipa gerir melhor o jogo, sofre o empate no lance imediatamente a seguir, numa cabeçada de Willyan que Layún desvia para dentro da baliza quando até me deu a ideia que a bola não ia na direcção dos postes. Ouviu-se um "foda-se" aqui no prédio. Nem 2 minutos conseguimos aguentar a vantagem. "Foda-se", digo eu desta vez. Por esta altura percebe-se que o Porto varia entre um 4-3-3 e um 4-2-3-1, com os 3 do núcleo central do meio campo a rodarem entre eles. Felizmente o Porto não tira o pé do acelerador e marca o 2º golo por Brahimi por volta do quarto de hora, numa boa jogada colectiva. Fico sempre com a ideia que quando o Brahimi respeita as constantes subidas do Layún no corredor, coisas boas acontecem. O Porto conseguiu pôr muita gente na área e deu-se bem com isso. Meia hora de jogo e já estava completamente farto de ouvir os bombos no estádio. O Porto não conseguia montar um contra-ataque com cabeça, tronco, membros e golos e teve oportunidades para isso. O jogo estava morno, quando Casillas decide ser Casillas, depois de um atraso algo complicado de Layún e Brahimi é o último a chegar-se a uma das balizas com um remate que passa perto da barra. A 2ª parte começa e o Nacional entra com tudo e quando digo tudo, é tudo mesmo, porque até o nevoeiro trouxe. Maicon entra aos 48 minutos porque não estava devidamente equipado ao intervalo, Layún estava amarelado e foi o escolhido. O Nacional continuava a carregar e aos 52 minutos tem uma boa jogada mas felizmente para nós, o remate sai fraco e à figura de Casillas. O Porto "acordou prá vida" e tem 2 oportunidades clarérrimas de marcar o terceiro, Sadbakar permite a defesa de Rui Silva quando tinha tudo para marcar e na sequência do canto, Herrera não faz melhor e trata mal a bola, rematando-a por cima da barra. Nesta altura tornava-se quase impossível ver alguma coisa do que se estava a passar em campo e o jogo foi interrompido 2 vezes, até que à 3ª foi de vez, jogo adiado para o dia a seguir. A malta voltou do hotel para jogar os 15 minutos que faltavam, e pouca coisa aconteceu até ao final do jogo, exceptuando a lenha do Marcano, a substituição incompreensível do Brahimi e mais um falhanço do Sadbakar. Vitória justa, embora manchada por uma arbitragem com erros graves de Jorge Sousa. O Porto não conseguiu nem matar o jogo nem o nevoeiro e foram precisos 2 dias para esperar pelos 3 pontos.


Brahimi - O MVP da partida. Novamente um jogo onde foi muito interventivo. Procurou sempre a bola na esquerda ou no meio. Marcou um golo numa jogada iniciada por ele. Está a subir de forma.
Bolas paradas - Mais um golo de canto. Finalmente os lances de bola parada parecem ter alguma lógica e não marcados aleatoriamente como dava a impressão.
Marcano (+/-) - Marcou um golo bonito, pleno de oportunidade mas está directamente ligado a 2 lances que nos poderiam ter castigado caso Jorge Sousa tivesse outra percepção dos lances.


Aboubakar - Coloca-se a pergunta, continuar a jogar com o Sadbakar de inicio para lhe dar a oportunidade de marcar e ganhar confiança ou colocá-lo no banco porque na realidade não está a jogar a ponta de um corno? Será uma utopia lançar às feras o André Silva?
Jorge Sousa - É sem duvida alguma, um dos melhores árbitros portugueses, senão o melhor, mas na Choupana falhou como as notas de quinhentos. Se no primeiro lance do Marcano até dou de barato que não tenha considerado intencional a mão na bola do espanhol, no segundo lance, não há desculpas. O Jorge Sousa, pura e simplesmente não considerou penálti uma das maiores madeiradas que vi ultimamente, capaz de fazer inveja ao próprio Peter Aerts. Indesculpável.



quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Chelsea 2 vs FC Porto 0 - 09.12.2015 - Liga dos Campeões

(Des)Liga da Champions.

No pós-afastamento da Liga dos Campeões, há muita coisa para falar, ouvir, ler e escrever. Desde a "invenção" de Lopetegui, ao inacreditável histórico de jogos em Inglaterra, passando pela recepção à equipa e treinador no aeroporto que me enchem de orgulho, raspando pelo desejo de boa parte da nação portista em ter Nuno Espírito Santo como novo treinador e acabando numa análise pragmática ao jogo de ontem, que não tendo sido um mimo, também não foi uma catástrofe como se poderia concluir através do que se vai lendo um pouco por toda a comunidade azul e branca. O Porto não ficou afastado da Champions com a derrota em Stamford Bridge, o Porto suicidou-se com o jogo medonho que fez em casa contra o Dinamo.

Comecemos pelo tão badalado 5-3-2 que tanta tinta e língua fez e faz correr, porque sinceramente não percebo onde é que o facto de retirar o ponta-de-lança da equipa, torna o treinador num assassino que foi capaz de cometer um crime hediondo. Sou fã do Sadbakar, nunca o escondi, mas a verdade é que o camaronês atravessa a pior fase desde que chegou ao Dragão, está numa crise de golos mas fundamental e principalmente, numa enorme crise de confiança. Não marca há mais de um mês, e no anterior jogo falhou o possível e impossível. Retirá-lo do onze titular para Londres, mesmo precisando de ganhar, não me parece algo nunca visto no mundo do futebol. Quantas vezes a Espanha jogou sem avançado ou com Fábregas a fazer esse papel? A Juventus há quantos anos joga em 5-3-2? São 2 equipas menos ofensivas por isso? Lopetegui foi criticado no jogo com o Dinamo porque desfez o habitual 4-3-3, versão Champions com André a fazer de falso extremo, mas ontem não tinha André, o único médio capaz de desempenhar bem essa função. Ora bem, não tendo os jogadores para o modelo pretendido, criou um modelo para os jogadores que tinha, reforçou a defesa não destapando o meio campo e deixou duas motas na frente capazes de confundir a defesa londrina. Honestamente, não consigo ver nesta forma de pensar algo tão despropositado e desfasado da realidade que seria o embate com o Chelsea. Há uma coisa que não tenho duvidas, Lopetegui conhece o Chelsea melhor do que qualquer um de nós e acreditou que esta seria a fórmula mágica para derrotar os ingleses na sua própria casa. Infelizmente, o Porto perdeu, não porque jogou em 5-3-2, mas porque o Chelsea é e foi melhor que nós, deu-nos a iniciativa de jogo e fodeu-nos no contra-ataque. Tão Mourinho, não é? A estatística dos jogos consegue ser muitas vezes curiosa e ontem foi um desses casos, senão vejamos, o Porto perde e bem por 2-0, mas tem mais remates que o Chelsea (11-16), tem mais cantos (5-6) e acaba o jogo com uns impressionantes 61% de posse de bola a jogar fora de casa. Mourinho não anda a dormir, fez entrar Ramires para o lugar de Fábregas e o panzer Diego Costa para o ataque, ao contrário do que fez nos 2 anteriores jogos do campeonato. Deixou o Porto jogar, deixou-o ter bola e foi fulminante a sair para o contra-ataque.

O historial de jogos em Inglaterra era assustadoramente negativo para o Porto antes da visita a Stamford Bridge, em 16 jogos disputados com equipas britânicas, tínhamos apenas 2 empates e 14 derrotas. Equipas como o Newcastle em 69 (1-0), o Wolverhampton em 1974 (3-1), o Tottenham em 1992 (3-1), o Arsenal em 2006 (2-0), 2008 (4-0) e 2010 (5-0) ou o City em 2011 (4-0), que não ganham absolutamente nada a nível europeu, foram capazes de nos vencer, e em muitos dos casos, golear. Mas Lopetegui, ouve uma cena, o Porto perdeu ontem por 2-0 com o Chelsea por tua única culpa e porque não foste capaz de manter o esquema habitual de 4-3-3. Todos os anteriores treinadores que visitaram Inglaterra, perderam ou em poucos casos empataram, porque os adversários foram melhores e não por tentarem inventar uma fórmula mágica, não é Jesualdo?

Quando soube do onze inicial, percebi que Lopetegui preparava algo de diferente para atacar o apuramento mas persistia a duvida se jogaríamos em 5-3-2 ou com Layún a jogar mais avançado, duvidas essas que ficaram dissipadas mal soou o apito inicial do turco Cüneyt Çakir. A verdade é que o Porto entrou em campo a jogar de forma muito personalizada, e não fosse a infelicidade dupla de Marcano no minuto 12 e o jogo poderia e deveria ter sido outro. O golo precoce do Chelsea não desmontou a organização do Porto que embora não criando perigo, conseguia manter o Chelsea afastado da sua área, e só através de lances de bola parada é que assustava o tranquilo Casillas. A excepção foi um remate de Óscar que volta a tabelar em Marcano, saindo a rasar o poste. O intervalo chega e Lopetegui decide não mudar nada, mantendo o onze que iniciou a partida. O Chelsea foi o 1º a criar perigo num lance em que o Wilian permite a defesa de Casillas e o Porto responde num remate de fora da área de Corona. O Porto volta a rematar por Brahimi que infelizmente mete a bola na bancada quando tentava metê-la na gaveta e à 2ª tentativa Wilian não perdoa, numa cópia da jogada do inicio da 2ª parte. Marcano ainda assusta Courtois numa cabeçada na sequência de um canto e Lopetegui decide mexer e montar o habitual 4-3-3 com a entrada do Sadbakar. Brahimi volta à esquerda, Corona cola-se na direita e de imediato faz mossa numa jogada que faz o que quer de Azpilicueta, cruza para Brahimi, que domina bem a bola, remata colocado mas infelizmente a bola desvia na cabeça de Ivanovic. O Chelsea dá definitivamente a posse de bola ao Porto, mas procura sempre o erro dos azuis e brancos e Óscar está perto do golo num lance que remata de calcanhar. Tello que tinha entrado para o lugar de Herrera obriga Courtois a uma boa defesa num remate que dá a ideia de não ir na direcção da baliza mas o Chelsea responde num remate ao poste de Hazard. Estávamos numa fase em que o 3-0 estava tão perto como o 2-1 porque o jogo estava louco e completamente aberto, mas até final foi novamente Brahimi a criar perigo num grande remate de primeira que passa a beijar o poste. O apito final chega, a derrota é justa, embora a equipa tenha feito tudo o que estava ao seu alcance para fazer a tal história que todos os portistas desejariam. Se formos intelectualmente honestos, não poderemos afirmar que o resultado seria outro caso Lopetegui não tivesse "inventado". Adeus Liga dos Campeões, olá Liga Europa.
 

Para finalizar, aquela recepção lastimável à equipa e treinador no aeroporto, com tentativas de agressão a Lopetegui que censuro, e com as quais não me identifico minimamente. A nação portista está descontente, tem razões para isso, mas comités de "boas-vindas" selvagens ao nosso treinador são actos que em nada dignificam o comum e apaixonado adepto portista. Ser portista deveria ser muito mais do que isto. 


Brahimi - O MVP da partida. O argelino não marcou, não assistiu mas fez um jogo enorme. Uma hora muito ingrata, onde foi médio criativo, extremo, avançado mas sempre a procurar o espaço e a bola. Voltou à sua posição natural com a entrada de Aboubakar e foi sempre dos seus pés que nasceram as jogadas de maior perigo do Porto. A equipa lutou muito mas o argelino foi sempre o mais inconformado. Um grande jogo na maior montra do futebol mundial.
Corona -A par de Brahimi, fez a dupla de ataque no sistema improvisado (ou talvez não) de Lopetegui. Trocou várias vezes de posição com o argelino na tentativa de desmontar a defesa de betão do Chelsea mas foi a extremo que foi mais incisivo.
Casillas - Não foi por ele que o Porto perdeu este jogo. Fez o que podia no lance do primeiro golo e não tem a mínima hipótese no míssil de Willian. Deu sempre segurança à equipa e foi sempre evitando o inevitável.




Adeus Champions - Depois de 10 pontos em 4 jogos e estarmos à distância de um empate nos 2 últimos jogos da fase de grupos, ser eliminado da Champions é como nos espetarem uma faca e rodar para ambos os lados. Vêm aí a Liga Europa, competição onde até fomos felizes em 2003 e 2011 mas ouvir o hino da maior prova europeia de clubes sem ver o nosso Porto, será de uma enorme azia.
Marcano - Decididamente não foi o melhor jogo do central espanhol. Duplamente mal no lance que inaugurou o marcador, não consegue fazer um corte aparentemente fácil e como se não bastasse, vê a bola bater-lhe depois da boa defesa de Casillas e encaminhar-se para dentro da baliza.
Lopetegui - Nada nem ninguém poderá garantir que ganharíamos o jogo caso o nosso treinador não tivesse alterado o nosso esquema habitual, mas mudanças "abruptas" em jogos chave tendem a dar mal resultado.





domingo, 6 de dezembro de 2015

FC Porto 2 vs Paços Ferreira 1 - 05.12.2015 - Liga Portuguesa

Sinto falta do sorriso do Vincent.

No histórico de confrontos entre Porto e Paços disputados na Invicta, o maior do mundo leva uma clara vantagem, porque são 18 Jogos, com 15 vitórias e apenas 3 empates. A vitória de ontem foi de longe a mais sofrida desde o empate a 3 em 2011, e aconteceu em parte pela boa organização da equipa pacense e por um guarda-redes claramente inspirado, mas principalmente um exasperante desacerto na hora de meter a redondinha nas redes de Marafona.

Os adeptos não se podem iludir e pensar que se poderá assistir a Ópera sempre que o Porto joga. Nem sempre será possível comer Filé Mignom e vestir fato e gravata, por isso em jogos como o de ontem é fundamental vestir uma roupa velha, mexer e remexer na merda, comer uma sandes de chouriço e outra de queijo apenas quando houver um tempinho livre e mexer e remexer na merda até o trabalho ficar feito. A estratégia para este jogo até poderia ser a mais infalível mas um golo aos 8 minutos, apesar de não te obrigar a mudar tudo, faz-te ter uma abordagem ao jogo claramente mais pragmática. O Porto ganhou ontem porque foi melhor que o Paços, porque criou muito mais oportunidades que o adversário mas fundamentalmente, ganhou porque tentou de tudo um pouco para que isso acontecesse.

O Paços tem feito um campeonato seguro, já com um empate em casa de um grande nesta época por isso não foi surpresa a sua entrada em campo de um forma completamente descontraída. O jogo começou dividido mas foi o Porto a criar a primeira situação de golo numa cabeçada de Maicon, na sequência de um canto marcado por Layún. Como se percebeu neste jogo, o defesa mexicano, além dos penáltis, é também responsável por toda e qualquer bola parada. O Paços responde pela mesma moeda, de canto mas com um desfecho mais eficaz, o golo, num lance em que Maicon faz bem o 1º corte mas Indi fica a dormir na forma e permite o passe de Ricardo para Bruno Moreira. O pânico instala-se no Dragão e cá em casa, primeiro porque não é nada normal o Porto sofrer golos no Dragão e principalmente porque na reinado de Lopetegui, nunca a equipa conseguiu dar a reviravolta depois de sofrer primeiro. O golo foi como se diz no mundo do futebol, "sofrido a frio", a equipa intranquilizou-se, falhou passes e os adeptos começaram a fazer o seu trabalho habitual, assobiar. Seguiram-se 10/15 minutos de alguma indefinição, altura em que a equipa pega no jogo pelos colarinhos e começa a carregar sobre a defesa amarela e Maicon volta assustar Marafona com nova cabeçada. Chegávamos à meia hora de jogo, altura em que Brahimi veio ao meio e pede a bola ao Indi, dispara em direcção à área pacense e suavemente entrega a bola a Corona, que faz um golo atacado de classe. A equipa alcançava o empate e poderia começar o jogo do 0, mas André não quis esperar e depois de roubar uma bola, entrega-a a Corona que desta vez não consegue enganar Marafona. Até ao intervalo só Herrera criou perigo, num remate que passa a rasar a barra, depois de amortie do Sadbakar. A 2ª parte começava a pedia-se uma entrega total e constante ao jogo, Sadbakar fez isso mas a bola sai por cima da barra mais uma vez. O jogo entra então num período de muitas lesões que tiram ritmo à equipa e ao jogo mas felizmente para os portistas, Herrera mesmo depois de andar a fazer passes para os apanha-bolas durante o jogo todo, disputa na raça um lance com Marafona, sofrendo falta para penálti na sequência dessa mesma batalha. Uma jogada que demonstra bem toda a disponibilidade do médio mexicano em campo. Layún pega na bola, Julen fecha os olhos, eu agarro-me ao sofá, mas o defesa mexicano não treme e disfere nacho mesmo ao cantinho da baliza. 64 minutos, finalmente na frente do marcador. 65 minutos, sinto saudades do sorriso do Sadbakar. O Porto consegue manter a bola afastada da baliza de Casillas, que ainda não tinha feito qualquer defesa e goleava nos remates na direcção da baliza, 10-1. Os portistas ansiavam pelo 3-1 para começar a pensar no Chelsea mas a equipa queria pensar no Paços até ao final do jogo e por isso Tello permite nova defesa a Marafona num grande contra-ataque portista e Sadbakar remata novamente por cima quase em cima da linha de golo, depois de passe de Tello. O jogo chega aos descontos, o Paços percebe que o Porto não vai marcar mais nenhum e começa no chuveirinho. Os últimos minutos do jogo são passados com os amarelos a enviar bolas para a área portista e o Maicon a limpar tudo e todos porque o capitão não brinca quando tira os pés do chão. Finalmente o apito final de Xistra, Uff, alivio. Não nos enganemos e vejamos o caso do Sporting, para sermos campeões, será preciso sujar muito as mãos, a cara e os pés, para ganhar jogos como este. Pede-se é um pouco mais de eficácia, se possível, claro.


Corona - O MVP da partida. O Tecatito levou quase sempre a melhor sobre sobre Hélder Lopes, em velocidade ou em fintas curtas. Fez o seu 6º golo no campeonato, ultrapassando o Aboubakar e tornando-se assim no melhor marcador da equipa no campeonato. Marcou um golo de enorme categoria, poderia ter marcado outro ainda na 1ª parte e foi sempre um desequilibrador.
Layún - Tal como Marcano, um autêntico achado. O homem não tem pilhas, ele é uma autêntica pilha. Teve dificuldades no inicio porque lhe calhou uma mota amarela em sorte, mas depois de acertar na marcação, foi eficaz a defender e incisivo no ataque. Marcou um penálti sem espinhas e poderia ter aumentado o seu número pessoal de assistências, caso Tello rematasse com mais convicção.
Maicon - Um Boss. A braçadeira que bem que lhe fica. Tentou marcar em 2 ocasiões mas infelizmente Marafona estava sempre bem colocado e na altura de maior aperto foi um verdadeiro gladiador limpando tudo o que lhe aparecia à frente. Londres terá certamente a dupla de M&M's.
Herrera - O mexicano acha sempre que a bola está vazia e por isso envia-a sempre para os apanha-bolas. Fartou-se de fazer cagada mas como nunca se deixa ir abaixo foi virar do avesso o redes pacense no lance que resultaria no empate.
Lopetegui - A semana passada assistimos à primeira vitória de Lopetegui na Ilha Maldita e esta semana fomos brindados com a primeira remontada do basco ao serviço do Porto. Não inventou e foi pragmático nas substituições nos diversos momentos do jogo, trocou Danilo por André após o 2-1 para dar músculo ao meio campo, tirou o apagado e cansado Brahimi para fazer entrar a mota fresca Tello e voltou a mexer bem na equipa quando fez entrar Evandro para o lugar do esgotado Herrera. Mudanças sem mudar o modelo de jogo que acalmaram sempre a equipa.





Aboubakar - Nos jogos anteriores não teve bola e por isso não teve oportunidades de golo. Ontem teve muita bola e pelo menos 3 excelentes ocasiões para marcar. Não o fez, está triste, não sorri e demonstra uma total e enervante falta de confiança. Onde está o Vincent e o que é que lhe fizeram?
Ineficácia - Depois dos 4 golos na Madeira, num jogo em que a equipa foi tremendamente eficaz, ontem fomos precisamente o inverso. Corona, Aboubakar e Tello não mataram um jogo que esteve sempre vivo até ao fim por culpa própria.





sábado, 5 de dezembro de 2015

União da Madeira 0 vs FC Porto 4 - 02.12.2015 - Liga Portuguesa

A arte de resolver rapidamente.

O Porto viajava até à "ilha maldita" pela 2ª vez nesta época e é inacreditável a angustia que nos assombra a alma sempre que isso acontece, isto porque nas últimas 8 viagens à Madeira, o Porto só tinha vencido uma única vez em jogos contra Nacional e Marítimo. Com a subida de mais uma equipa do arquipélago ao 1º escalão do futebol português, o pesadelo estatístico tinha tudo para se manter, até porque no último confronto na Madeira com o União em Fevereiro de 92, o Porto não tinha conseguido melhor que um empate a 0.

O Porto vinha de 2 jogos francamente negativos, a derrota com o Dinamo na Champions e a vitória pela margem mínima com o recém promovido Tondela. Este era um jogo em atraso, e para além da importância óbvia da vitória, era fundamental ganhar de forma folgada para espantar fantasmas que teimam em pairar sobre equipa e treinador. A equipa reagiu bem ao passado recente, goleou com uma primeira meia hora de jogo muito boa, geriu o jogo com tranquilidade, e acima de tudo, fez uma exibição competente.

O Porto chegou à Madeira e quis resolver o jogo logo no aeroporto, foi essa a ideia que transmitiu na passada 4ª feira. Uma entrada forte no jogo permitiu ao Porto chegar-se à frente com algum à vontade e os remates começaram a surgir com naturalidade. Brahimi tentou de fora da área mas foi Herrera quem esteve perto, numa cabeçada ligeiramente por cima da barra. Foram precisos apenas 12 minutos para que o Porto inaugurasse o marcador, numa jogada em que Brahimi atrai 3/4 defesas antes de soltar para Layún fazer o cruzamento para a tolada vitoriosa de Herrera, que marca o seu 2º golo na ilha esta época, provando que se dá bem com os ares da Madeira. Muralha arrombada, equipa do União atordoada e Brahimi a marcar o 2º golo 2 minutos depois, num lance que que Corona faz o passe em esforço e na raça para Maxi cruzar atrasado para o argelino. A equipa estava forte e eficaz e tudo parecia estar a correr na perfeição quando El Tecatito tabela com o tufo de relva mais próxima e disfere um poderoso guacamole para a baliza de André Moreira. 3 golos em 22 minutos que permitiam ao Porto "descansar" com bola nos restantes 68. Até ao intervalo foi o Porto novamente a estar perto do golo, numa boa jogada de Brahimi pela esquerda. A 2º parte tal como se previa, serviu para "cumprir calendário", com 45 minutos de poucos lances perto das balizas. Houve apenas tempo para ver Osvaldo ser injustamente expulso, para ver uma grande defesa do redes madeirense no livre directo de Maicon e para ver o golo de Danilo, em mais um passe de Layún.


Layún - O MVP da partida. Já o disse mas nunca é demais repetir, é incrível a disponibilidade física do defesa mexicano. Mais 90 minutos sempre a fazer piscinas e mais 2 assistências para golo, desta vez com a particularidade de não terem sido feitas para Aboubakar. Começou naturalmente do lado esquerdo da defesa e com a expulsão de Osvaldo, subiu no terreno e chegou uma espécie de extremo no 3-3-3 improvisado de Lopetegui.
Brahimi - 2 golos nos últimos 2 jogos poderão indiciar um aumento de forma do mágico argelino. Fez uma grande 1º parte e resguardou-se naturalmente nos 25 minutos que fez na 2ª parte. A boa forma e golos de Brahimi são sempre bem vindos seja em que altura da época for.
Herrera - Herrera será sempre Herrera, aquela lentidão enervante, os passes falhados de forma displicente, mas em contra-partida, o mexicano será sempre um dos jogadores com mais quilómetros por jogo no lombo e um jogador capaz de fazer qualquer tarefa em campo. Contra o União, marcou e demonstrou um cheirinho do que foi em muitos momentos na época passada.
Corona - Golos sem querer ou propositadamente, valem o mesmo. Corona marcou, algo que já não fazia à quase 2 meses e igualou Aboubakar na lista interna de melhores marcadores no campeonato. Uns dias no banco e outros na bancada nunca fizeram mal a ninguém.
Danilo - Rúben Neves é o nosso menino mas naquela posição, Danilo oferece-me muito mais garantias. Limpou o pouco que teve de limpar no meio campo e como é hábito foi incisivo nos lances de bola parada, marcando o seu 1º golo ao serviço do Porto.
Marcar cedo - Torna-se tudo tão mais simples quando a equipa entra em campo com vontade de resolver as coisas cedo. 3 golos em 22 minutos mataram um jogo que poderia ser muito complicado.


Osvaldo - Não foi a expulsão que me fez dar-lhe nota negativa mas sim o constante desligar do jogo. Tal como tem acontecido a Aboubakar nos últimos jogos, Osvaldo não fez um remate e nunca esteve verdadeiramente conectado com o jogo.
Bruno Paixão - O Bruno será sempre o Bruno, aquele menino com sede de protagonismo que tenta fazer de tudo um pouco para dar nas vistas. Como não teve hipótese nem tempo de meter nojo na 1ª parte, conseguiu ver uma agressão e expulsar Osvaldo num lance que até fez Slimani sorrir.